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14 janeiro 2009

basta perguntar

interrogação

sabe-se na língua,
um gosto de tormenta
que é tragado pelo tempo;
ele é teso, duro, rijo,
mas acalma,
cauteriza momentos,
refaz hipóteses, possíveis intentos

e...?;

e sob os pêlos,
por dentro de qualquer coisa que
, concomitantemente à percepção de vidas,
separa aspectos e singulares possibilidades,
sente-se o toque?
;
pois, então, onde estarão as horas? onde, fora dos relógios?
nos compassos e rimas que vão se delineando, então,
à espera das sensações, das papilas,
nas coisas tão da gente,
da alma,
ou de qualquer coisa que seja
,
simplesmente,
nós.

19 agosto 2008

o sádico e satânico jazz do marquês johnny depp

Para aqueles que se espantaram com o título da postagem:

Neste domingo, eu recebi, sob a égide da maravilhosa Marília de Amorim (mais conhecida como Mari) a honraria de ser intitulado líder do mais novo movimento musical que vai revolucionar os ouvidos da cidade do Recife: o satan-jazz!!!




Calma! Calma! Calminha! (almas minhas). Isso nada tem a ver com música satânica ou coisa do gênero. Foi apenas uma brincadeira que se deu na madrugada do dia 16 de agosto (sábado último), em pleno Quintal do Rossi Love, Olinda.

Numa singela noite, regada a cerveja, depois de ter tocado na Calourada mais atrasada de todos os tempos (a de Arquitetura, no CAC, que iria começar às 17h e só iniciou seus trabalhos às 20h30); Depois ainda de uma passagem pelo Garagem, eis que fui parar naquele ambiente lúdico, que é o Quintal do Rossi Love (quando vejo aquelas meia-luzes “iluminando” aquele cubículo, onde pessoas dançam numa deliciosa movimentação extasiante, só me vêm um puteiro à cabeça).

Lá, observando uma parte onde há diversos vinis pregados colados nas paredes, vi uma, duas, acho que até três fotos de discos de músicos do jazz, em plena ação: tocando trompetes, num sopro tãããããão instigado, que suas bochechas inchavam de uma forma absurda (igual a essa imagem do Dizzy Gillespie).

Impressionadíssimo com aquilo, resolvi bater uma foto de mim mesmo, tentando chegar ao ápice da elasticidade muscular, inchando as bochechas que nem esses grandes músicos.

E eis que saiu esse feito aqui:



Ao ver a foto, fiquei assustado com o que vi. Mostrei a Mari, dizendo assim: “Mari. Olha só o SATANÁS!!!” Ela riu copiosamente e começamos a anunciar aos 4 ventos: “É o SATAN-JAZZ!!!”
E eis que foi a plantada a semente dessa brincadeira.

Se eu fosse dar uma definição pra isso, para o que viria a ser o Satan-Jazz, pegaria emprestadas umas expressões da própria Mari, misturaria ao momento e ao ambiente em que aquilo surgiu, às minhas próprias definições de diversão, prazer, e lembraria até de Raul Seixas, com sua Sociedade Alternativa e quando dizia que o “diabo é o pai do rock”.

Na realidade, o diabo (o anjo mais lindo que Deus haveria criado) é o pai de todas as coisas carnais, de todos os prazeres mundanos, anti-celestiais, da bebida, do sexo, do delicioso caos que há no rodar, rodar, rodar e deixar-se cair nas graças da despretensão de ser feliz. Ele também é natureza, no sentido de que, sem hipocrisia alguma em dizer isso, ele está presente em quase tudo que nós, seres humanos, desejamos fazer e sentir mas que a Igreja nos recrimina. Ele seria uma outra face da moeda na qual, do outro lado, encontramos Deus e toda a culpa cristã, edificada em nossos corações e mentes através das instituições religiosas. A outra face da MESMA moeda.

Portanto, o diabo é o pai do rock, é o pai do jazz, é o pai da libido, da diversão, do prazer, da carne, e, junto a Deus (seu irmão gêmeo – ou o seu Pai compreensivo e libertador) é o pai da criação, do estímulo à criação em momentos como esses, onde a bebida impera e a felicidade em encontrar pessoas bacanas se faz presente e verdadeira.

Aqui, nada de apologia ao satanismo. Mas à liberdade da vida, da criação, do jazz, do amor e do prazer, e também da brincadeira.

.

Mostrando um poema meu à mocinha Priscila (que conheci em Garanhuns, e que vim rever, bem rapidamente, também no dia tal Calourada), perguntei o que ela achava. Entre outras coisas, ela me disse:

Prisci. diz (00:19):
hummm
Prisci. diz (00:20):
parecia o marquês de sade. me lembrei dele.

Depois, ela complementa:

Prisci. diz (00:21):
mas foi a primeira coisa que veio na cabeça, depois o lindo do johnny depp.
Prisci. diz (00:21):
HAHAHAHAH
Prisci. diz (00:21):
Tbm não sei pq.

Vou escrever um poema em homenagem a Johnny Depp, ao estilo dos contos do Marquês de Sade. Crueldade libidinosa, hein? Será que meu poema é tão belo, porém, não tão puro? Ou será que dentro do escrevo essa coisa da beleza caminha equiparada à dor que o prazer também pode provocar?

São esses estímulos à libido feminina, cada qual ao seu modo, Marquês de Sade e/ou Johnny Depp.

Viva a poesia de Vila Nova!!!

E tenho dito (modesto, né?)

=P

12 junho 2008

sinais

silêncio molda idéias
e retoma, da absoluta abstinência
de inspirações,
o instante mais perfeito,
que se anuncia quando
pessoas se calam
e o sentimentos se espalham,
para cristalizar-se no ar
ao nosso redor,
e redescobrir o que nossos gestos
nunca ousaram tocar,
através de uma ressurreição de palavras
que, delirantes, renascem e se recombinam
em meus genes claros
e inquietos,
atravessam meus poros
e purificam minha mente
minh’alma
benfazeja,
fazedora de haikais
a verter-se em si
dos setenta e sete buracos da consciência.

19 maio 2008

a estrutura da poesia descosturada


em que se insere o acaso?
no ritmo e no afinco da teoria do duro trabalho?
ou na escrita espontânea da livre poesia?
e, assim, os mitos dessa escrita sem inspiração, tão somente mera e mecânica caligrafia,
resistem em sua incólume nobreza,
à pobre e nefasta disritmia dos signos,
da livre ortografia
& da possível, quem diria, não tão bem forjada poesia.

a arte se dilui em sua pouca assimilação,
intacta,
indagada e proferida sem ritos ou profanações;
o imperceptível não possui formato,
e, achado entre escombros, permite-se desmembrar
em cada pensamento e movimento.
; à sua divisão desarticulada
, em que o limitador da palavra se sobrepõe aos seus próprios quereres,
e monta vertigens isoladamente convencionais,
a carta indefinível,
a gráfica inatingível.

o perfeito recurso de persuasão
soma-se à cotidiana simbologia,
adquire a coesão das literárias partituras
e abrevia o tom da rebeldia;
nenhuma renúncia, porém,
& vanguardas incorporam-se à tipografia lenta e mordaz,
comunica-se fragmentariamente e condensa-se ao pôr-do-sol;
substantivada, a fibra se desestabiliza,
interpolada visualmente em suas regentes vanguardas,
capta o discurso lingüístico expandido
e inventa sem explicar.

redigida sem conversão
o novíssimo, menor que é, lhe intui ao prefácio
entreposta, esquartejada sobre suas próprias escalas;
decidir-se pela veemência lhe cansa as vistas
como se a razão do fingir/deglutir fizesse dela menos bela
e, da primeira à última letra, suas rimas se engolem e desvirtuam,
convertidas em suposições obstinadas, porém, sem cifras lógicas;
o diálogo é tão breve que a textura se esconde em seus próprios meandros;
& as entrelinhas, contanto, fazem parte do organismo da poesia
e, pedantemente, são grafadas de inútil forma por serem daninhas
e contaminar todas as letras, sem misericórdia, e sintetizá-las em sua própria língua

[o hábito: dissolução da provável matéria e subversão do seu próprio verbete, sem que as geometrias proverbiais se mostrem inconclusas, dando ao rodapé da última página o gosto e o deleite do iniciar a leitura sem nenhum dano óptico ou espiritual] provocar a estação, onde o abandono ascende à presença da vida e flui sem amarras;
coordenar o som das palavras e juntá-las, sem qualquer harmonia,
a textualização dos pormenores e a inserção dos olhos dos outros ao rever as condutas e etiquetas,
onde se possa constatar que a estrutura da poesia descosturada
é digitar dentro/fora de si próprio
o que as próprias palavras nunca saberão dizer.

09 junho 2007

inspiração



Meus queridíssimos,

mais uma vez, cá estou eu, retornando das profundezas do limbo para atualizar a caixinha.

Dessa vez, com uma postagem breve, mas muito especial.

.. sabe no que dá você conhecer e perceber pessoas lindas? Dá nisso aqui ó:

“Quem me deu a mão pra escrever


Olhou nos olhos e disse como os pensamentos confundiam

E eu apenas digo que a vida é,

Em cada poro que dela exalar perfume e suor,

Amor e um montão de coisas afins

Tanto os olhos como as mãos conversam

É através deles, físicos, que o tudo maisDialoga, conversa, sente, percebe

E encanta.

O mundo, os olhos e as mãos

Tudo é amor,

Tudo é encantamento”.

Bom motivo para [re]atualizar o blog, não?

=D

Isso foi escrito para a menina Ighara.

Fiquem com Deus, todos!

15 março 2007

dedicatória


o bom da vida é viver histórias felizes
e, ao inevitavelmente ter que terminá-las,
conseguir sair com um sorriso nos lábios...

e, por isso, eu dedico:

você é um pouco desse doce que eu sempre quis
em todos dias que eu ousei experimentar a vida,
arriscando-me a todo momento ter que provar de algum gosto amargo,
repentino, desavisado, abrupto,
mas eu sempre afoito, sempre de peito aberto,
acreditando ainda e tanto nesse doce,
todinho, todinho, todinho teu
e um pouquinho dele nos meus lábios,
na minha alma,
foi suficiente,
e hoje eu tenho muito mais sorrisos a dar,
por ter tido e sido o que sempre fui
ter tido esse doce,
ter sido o seu oposto indelével,
mas não o sal ou o azedume de um desamor,
e sim a possibilidade de ser esse mesmo doce ao avesso,
ao desavesso,
da cabeça aos pés,
de dentro e de fora,
de corpo e de alma


levo esse doce sempre,
se é que você me entende.

08 março 2007

mulheres

nem feministas, nem machistas
mulheres mais me parecem música
e tão profundamente poesia.








Pelo tempo meio restrito que tenho hoje, postei apenas isso. mas acredito que resume o sentido de beleza e apreço que tenho pelo universo feminino.

É uma pequena e afetuosa homenagem às mulheres, que são, sem dúvida alguma, a base de força, compreensão, sensibilidade e coragem que move esse mundo.

E não preciso aqui citar grandes mulheres da História pra render uma homenagem. Acredito, sim, que todas elas, as mulheres do ontem, do hoje e do sempre, as anônimas, as que batalham no dia-a-dia, que movimentam nosso universo, essas também (e principalmente elas) são o principal alicerce da nossa existência.

E meu desejo profundo é o de que o encanto feminino, a gentileza e o amor sejam reinantes nesse nosso mundo, que ainda precisa aprender mais a se doar à vida e sair ainda mais forte, como as mulheres sempre nos ensinaram desde que o mundo é mundo.

Desejos de um eterno apaixonado.

29 novembro 2006

palavras & amor



Para ler ouvindo Now That I Now, by Devendra Banhart
Download através do link:
http://rapidshare.com/files/5388730/01-devendra_banhart-now_that_i_know.mp3.html

.. e os poemas, todos, cicatrizaram em sua língua.nada mais eram a não ser feridas, túrgidas, acariciando sua pele, suas fúteis e libidinosas ousadias. sua volúpia multiplicava-se infinitamente por muitas mil; ele acreditava ser possível conquistar pessoas e mundos com míseras palavras. quão vil era o propósito, todos pensavam. Mal sabiam que através dessas palavras, através de cada uma delas, ele era um pouquinho mais feliz e distanciava-se cada vez mais do mundo e das pessoas, para poder morrer em paz, tranqüilo.



Cometi agora esse pequeno texto acima. Assim, de sopetão, de repente. Veio-me de uma vez só. Ando um tanto quanto à flor de pele. Talvez, se visse algum beijo na novela, choraria. Quem sabe eu até chorasse por um punhado de amor. Mas não. Mendigar sentimentos é para os fracos. Mas isso não quer dizer também que eu me basto. Não tenho essa empáfia. Não ainda. Fui aprendendo a não ser estúpido a ponto de acreditar que migalhas alimentam um coração tão voraz e sedento quanto o meu, e também aprendi a não me desesperar por tais migalhas. Se vier o amor (quando digo amor, refiro-me a todo e qualquer tipo de sentimento que denote afeto, respeito, carinho, bondade, etc.), que seja de forma natural, porque aí sim, é verdadeiro, é puro, é terno, pleno. Trocando em miúdos (e surrupiando o nick de uma conhecida minha): “não trate com prioridade quem te trata como opção”. Dizendo assim, de forma mais concisa, curta e grossa.

O texto lá de cima fala, em poucas linhas, de uma espécie de refúgio (e até de alívio) que busco nas palavras para poder ficar mais em paz comigo mesmo. Decepcionado com a forma como as pessoas vêem e levam a vida (principalmente no que diz respeito ao amor, amizade, respeito ao seu próximo), me entorpeço através do que escrevo. É uma sensação de torpor alegre, feliz, suave, satisfeito, felicidade intensa. Distante das pessoas e mais próximo de mim, amo cada vez mais, e fico mais tranqüilo. Aprendi a não chorar por migalhas, mas não perdi o que há de afeto voraz e sedento em mim. Quero amor 24 quilates, com pedigree... felicidade e, quem sabe, um pouco mais até.



momento literário, celebrando o amor:

LUGAR DE SE VER

ela trazia borboletas no nome,
e um traço que há muito não se via
1 nome de porcelana,
pintado de giz.

e eu, nas asas delas, borboletas
saboreava o cheiro, o torpor,
selecionava por entre os dedos [talvez eles,
, pequenos e tímidos,
fossem a única coisa que as tocavas nesse momento]
suas mucosas, que se delineavam
por mim,
e por elas mesmas;
quantas delas denotavam mais de mil sabores
por entre as papilas de minha língua?

ela, naquele lugar de se ver,
me abordava, sucintamente,
queria apenas 1 beijo
e eu só pude lhe dar
o meu pequeno amor.

...

mocinho de bons modos sou eu.

12 novembro 2006

Mudança


o rouxinol sai de um ninho para o outro
aquele antes, donde tudo dele estava,
se desfazendo, vai ficando para trás
com tudo o mais que ele viveu..
restos de plumas, alimentos,
e também um pouco da pueril nostalgia;

o rouxinol, que era tão pequenino,
um dia teria que ir-se
para, sozinho, voar mais alto
as pernas bambas, vôo desengonçado
nem parece mais aquele rouxinol tão valente
que inflava o peito e cantava liberdade
agora, tímido, titubeia, ressente-se por medo
por não conhecer ainda o mundo que há do lado de fora

um salto apenas
para o futuro, para esse gigantesco tudo
superfícies impalpáveis de vida,
uma vida, assim, tão nova
cada instante tão intenso
movimentos contínuos de asas,
vontade de ir mais longe,
envergaduras que o sustentam no ar
esse ar que agora respira tem outro sabor
um misto de receio e novidade
e tudo muda ao redor
tudo se molda em conformidade com a vida
contra a qual sempre se rebelou, com tanta doçura
e também tão arredio, como bicho do mato
tão escondidinho no seu ninho
vida nova, ninho novo
vôo alto, ar tão denso
respiração agitada
e o rouxinol, sem pressa,
prepara as asas e a coragem
para voar ao outro ninho
e cantar cada vez mais alto
o canto da vida inteira.

27 outubro 2006

A Banda Tropicalista do Duprat

"porque é made, made, made.. made in brazil" (Tom Zé)

a banda era boa
com duprat na batuta
; que tropicália era essa?
eram hippies orquestrações
& intermezzos
dissonâncias “pop-cretas”
e antropofágicas disjunções
de um Brasil semi-analfabeto
, ingenuamente cosmopolita
& mais que tudo isso:
era subverter-se em notas, acordes
rock’n’bossa’n’roll e baiões,
frevos na ponta dos dedos
e toda aquela parafernália
que se chamava
aquela banda
de beatles e de pifes
de cacos e "descanções"
da menina ruiva (os meninos de mutações),
à black power
do magricelo
ao tabaréu
e também do pretinho
todos tocavam chiclete com banana
na banda, aquela,
a tropicalista,
sob a batuta
do duprat.

(eu quero bem mais peidos alucinógenos)


Texto em homenagem ao maestro tropicalista, Rogério Duprat, falecido ontem (26/10), em São Paulo, aos 74 anos.


Matéria da UOL a respeito do falecimentro de Duprat:

Morreu por volta das 17h desta quinta-feira (26), em São Paulo, o maestro Rogério Duprat. O músico de 74 anos estava internado desde o dia 10 de outubro no hospital Premier, na zona sul de São Paulo, onde recebia cuidados paliativos.

Duprat sofria do mal de Alzheimer e também tinha câncer na bexiga, que nos últimos dias acabou causando insuficiência renal, de acordo com a médica Maria Goretti Maciel, diretora clínica do hospital.

O maestro será velado no Museu da Imagem e do Som (MIS), na região dos Jardins. Seu corpo será cremado na sexta-feira no crematório da Vila Alpina, zona leste de São Paulo.

Duprat é conhecido principalmente por seu trabalho nas orquestrações do disco Tropicália, de 1968, que contava com nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Gal Costa, Os Mutantes e Nara Leão.

Nascido no Rio de Janeiro em 1932, Duprat mudou-se para São Paulo em 1955. Ainda jovem estudou violão e cavaquinho além de tocar gaita. Mais tarde entrou no meio erudito e foi um dos fundadores da Orquestra de Câmara de São Paulo. Nos anos 60, o maestro se aproximou de artistas populares, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, para quem compôs o arranjo da música "Domingo no Parque".

Também trabalhou com nomes como Chico Buarque e Jorge Ben Jor, mas uma de suas parcerias mais conhecidas foi com a banda Os Mutantes, para quem arranjou diversos discos.

Depois de um período longe da música, devido a problemas de audição, o maestro voltou a trabalhar com arranjos na década de 90.

Música Nova

Ideólogo responsável por um dos poucos manifestos musicais autênticos realizados na América Latina, Rogério Duprat utilizou métodos radicais para criar uma nova frente cultural no país. O movimento batizado como "Música Nova Brasileira" resgatava os ideais da Semana de Arte Moderna de 1922 e pretendia "internacionalizar a vanguarda brasileira". Duprat vinha acompanhado pelos músicos intelectuais Gilberto Mendes, Júlio Medaglia, Régis Duprat, Damiano Cozzella e Sandino Hohagen.

"Sem forma revolucionária não há arte revolucionária" é a citação que termina o manifesto publicado em 1963. Desde então eles se empenharam em quebrar as amarras acadêmicas na cultura e unir o erudito ao popular, como Duprat fez durante sua vida, o que fez dele um dos principais personagens da MPB.

(ouvindo Canção para Inglês ver/Chiquita Bacana, by A Banda Tropicalista do Duprat, com Os Mutantes)

03 outubro 2006

Escrevendo em papéis azuis realidades coloridas de uma vida em preto-e-branco

Exatamente agora, depois de uma súbita vontade de escrever, eis que me surge isso aqui (poeminha recém-ousado):

TÃO SIMPLES

taí..
essa vontade, assim do nada,
e muito de repente,
de remexer-te os cabelos
de saber-te as poesias,
as palavras, os sabores
já me deixa tão feliz
contente, de sorriso fácil,
e os lábios..
esses começam a querer catar os teus
em algum lugar por aí..
sabe-se lá onde..
mas quando souber, que felicidade será..
do tamanho onde cabe tudo e mais um pouco
de nós...
e os braços, querendo desdobrar-se em tantos abraços,
querendo ser um sincero enlace de mil espaços
que transitam entre curvas que tecemos pelo ar
e por entre superfícies que, de nós, se interceptam
se acalentam, se percebem, e também se reconhecem
como sendo parte indissociável do que íamos, então, querer;
é um pouco de delicadeza,
e de sábia alegria
que me adocica as sensações
e te pinta com mil cores
desde a pele até a alma,
essa tua, que me invade,
e tão assim, do nada,
és, então, essa vontade
esse desejo que me arde
que me veio de repente,

e que não quer mais ir embora.

26 setembro 2006

Invasão de quê?

Um bom dia, boa tarde, boa noite pra você (dependendo da hora que você esteja lendo).

Como não poderia deixar de ser, vamos falar do assunto do momento: CICARELLI DANDO O RÁDIO!!! Mas eu nem quero falar sobre a polêmica desse vídeo, o sucesso que ele fez ou coisa do tipo. Eu quero é perguntar uma coisa: alguém acha REALMENTE, DE VERDADE VERDADEIRA, DO FUNDO DO CORAÇÃO, que ela tem o direito de processar youtube, Globo.com, iG, por danos morais, materiais, alegando invasão de privacidade? Tenho conversado com alguns amigos a respeito. Um deles disse que ela estaria no pleno direito de fazê-lo. Essa afirmação dele foi um pouco sem argumentos consistentes. Ele disse apenas que ela deve estar se sentindo constrangida e incomodada, por estar sendo exposta de tal forma, e isso seria motivo suficiente para ela se achar no direito de evocar esse direito. Eu tenho lá minhas dúvidas.

Acredito eu que a partir do momento em que ela está em local PÚBLICO (uma praia, onde circulavam muitas pessoas, inclusive crianças) e faz algo do tipo, acredito que ela perde todo o direito de reivindicar que sua privacidade foi invadida, pois é exatamente o contrário, ela que foi violentamente invasiva e desrespeitosa em relação a quem estava na praia. E nem venham me dizer que o que ela fez foi dentro da água, porque eu digo o seguinte: as preliminares foram muito mais agressivas do que o ato sendo consumado, ou não? Acho que ela deveria, antes de mais nada, ter sossegado um pouco aquela piriquita e ter ido para um motel dos mais caros (afinal, ela tem dinheiro até pra comprar uma ilha só pra ela trepar o resto da vida, em cima do coqueiro, dentro dos matos, na casinha de sapê, etc.), pois ela não é tão inocente (não é mesmo) a ponto de acreditar que numa praia PÚBLICA ela poderia ter feito o que fez e achar que não seria, no mínimo, bisbilhotada. Está na chuva é pra se molhar, Cicarelli!!! Deveria ter atentado para as conseqüências disso, antes de vir se achar no direito de reivindicar alguma coisa. Agora me diz só.. ela quer processar somente essa galera? Porque ela não processa, então, todo o mundo que disponibilizou, divulgou, repassou, comentou esse vídeo (creio que o comentário mais ameno a respeito dela foi o do sugestivo nome de “rapariga”). Garanto que ela ficaria trilhardária se ganhasse todos esses processos, em tribunais de todo o planeta. Tenta Cicarelli? Quem sabe você consegue, né? E aí, depois de ficar mais cheia da grana ainda, sua honra voltará a ser imaculada e impoluta, né não? hahahahahaha.. E eu digo às criancinhas: façam isso EM CASA (ou no motel), viu?

......

E o Hugo Chávez, hein? Sou fã desse cara. É o Chefe de Estado mais desaforado que tem. Tá cagando e andando pros conservadores, pras elites, pra burguesia, pros direitistas, capitalistas, pros outros governos que pensam diferente. Não mede as palavras quando o assunto é emitir opiniões sem a diplomacia protocolar.































Semana passada, na ONU, em discurso, disse que George DJIABO Bush é um demônio e que o púlpito ainda estava cheirando a enxofre exalado pelo presidente ianque (Bush esteve lá na véspera).

E dia desses (mesmo apoiando as decisões bolivianas a respeito da Petrobrás, ou seja, que lascam o Brasil) disse que a sede da ONU deveria ser transferida de Nova Iorque para Brasília (fonte: JC, 25 de setembro de 2006, página9).

O bicho é doido mesmo!

.....

poeminha novo, meio por acaso, para uma linda pessoa (é bem simples, tá?):

PARA LELÊ


lê-ver-
lê-te
lê-é
lê-tão
lê-lindo,
lê-me
lê-traz
lê-sonhos
lê-de
lê-felicidade
lê-e
lê-alegria

ler-te,
de cima abaixo,
de fora adentro,
e por dentro da alma,
é tão bela poesia

essa moça sorri
do tamanho de tudo
e colore esse mundo
com as cores do dia.

(ouvindo Menina rica, by Samba de Coco Raízes de Arcorverde)

22 agosto 2006

eu, de ti, levo tanto..



era uma vez: entorpecido dela,
numa beleza só,
era por dentro, e tão mais por fora
era ela, numa mesa.
apareceu-me de tamanho sorriso,
e me abraçou, feito ao mundo,
e me beijou, como se beija o absurdo.
era um sabor denso,
era doçura impalpável por dentro
e ácida beleza por fora,
de quem já não era mais si mesma
seja pelo beijo, seja pela vida,
pela poesia de estar ali,
entregue a quem não sabia,
e depois estando em outros braços.

eram duas vezes: inevitável sorriso
o meu, o dela,
rostos nus,
despidos,
corações sem ter porque.
era lascívia?
não, era sentimento que não se sabia,
enfim, era tudo e mais um pouco
espalhado, desordenadamente, pela mesa
encharcado de nós o tempo inteiro
era o tempo do seu desvelo
sorver um ao outro, sem nenhum segredo
e na inquietude de pensar:
tudo que acontece duas vezes,
terá de ser três.

eram três vezes: e era querer,
eu a ela, ela e eu
mais uma vez, inteiros.
por mais uma vez, apenas.
não se sabia ainda,
e era noite última
em que as almas,
mais uma vez inquietas,
se freqüentavam,
e, mesmo que envergonhadas,
permitiram-se,
derramaram-se no tempo,
a esquecer que a poesia
e a beleza de tudo que girava em torno,
teria fim um dia.

éramos, eu e ela,
errantes...

por fim,
éramos...

07 agosto 2006

Recomeçando a guerra interna em mim


Antes de mais nada, um poeminha novo (simples e terno):

NASCIDA DO PÉ

ela ia
, pé a pé,
no cosmos,
sem saber que do lado de fora da casa
havia um pé de hortelã
que perfumava-lhe tão por dentro,
tal qual leve aroma,
a ponto de desanuviar o seu coração.

...................................................................................

Na madrugada de ontem pra hoje, por volta das 4h, já depois de algumas cervejas a mais, sonhos borbulhando, desejos desejando mais e mais, eu recebi um presente divino. Conversando com uma amiga que conheci em Garanhuns, ela me manda um link de um vídeo no You Tube. De uma singeleza que toca profundamente e da forma mais simples que existe, o vídeo me emocionou. É de uma beleza pura, doce e nada mais que isso. Era o que eu gostaria de poder dizer, sem firulas, sem adornos ou enfeites desnecessários. Apenas assim. É um trecho de algum episódio (que não sei qual) do Snoopy. Vale a pena assistir, segue abaixo a transcrição do texto e o link para assistir ao vídeo. Obrigado Carollyne, por me proporcionar essa emoção. Agradeço eternamente. Espero que todos possam compartilhar desse mesmo sentido/sentimento.

Declaração de Amor

Como Eu Te Amo?

Vou contar a forma:

Eu Te Amo até a profundidade, largura e altura que minha alma pode alcançar, quando sentindo noite dos olhos, pelo objetivo de existir e de graça divina.

Eu Te Amo ao nível da necessidade mais silenciosa de cada dia, ao sol e à luz da vela.

Eu Te Amo livremente como os homens lutam pelo direito.

Eu Te Amo puramente como eles se afastam do elogio.

Eu Te Amo como a paixão existente em minhas velhas mágoas e com a fé da minha infância.

Eu Te Amo como um amor que eu parecia ter perdido com meu dente perdido.

Eu Te Amo com a respiração, sorriso, lágrimas e toda a minha vida, e se Deus quiser eu te amarei melhor após a morte!!!

Link do vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=r3D7fjCGlxw

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Alceu grava seu novo DVD no Marco Zero

Pessoal!!! Programa bom e de graça no próximo dia 18!!!

A quem interessar possa: o cantor e compositor Alceu Valença estará gravando no próximo dia 18 (sexta-feira) o seu próximo DVD, ao vivo, no Marco Zero.

Participarão da festa: Zeca Baleiro, Paula Lima, Maestro Spok Maestro Duda, Silvério Pessoa e, ainda a confirmar, Caetano Veloso (que hoje completa 64 anos de vida).

Mais informações (horário ou quaisquer outras), eu passarei por aqui.

Vamos todos, viu?

................................................

Ela já começa a circular por dentro de mim.. e eu já começo a saborear o gosto insípido da insegurança..

(ouvindo Levante – by Marisa Monte)

12 julho 2006

a totalidade veio do nada




Essa é uma interessante frase que li numa das tantas magníficas elucubrações do compositor baiano Tom Zé, em seu livro Tropicalista Lenta Luta. Leiam. E ouçam Tom Zé também.

...

Ela me disse que ficou feliz ao falar comigo. Eu, em devaneios mil, fico feliz e fico triste, sem saber se isso é bom ou ruim. eu quero lê-la, por dentro e por fora.. saber se sou verso que se encontra lá, por dentro.


...

Olívia nasceu! Boas vindas a ela.. Filha de uma linda cabocla, chamada Priscila, a pequena menina (que eu tive a honra de escolher o nome.. ATENÇÃO: eu não sou pai) veio ao mundo e deu seu primeiro berro de vida no dia 10 de julho. É uma das coisas mais lindas do mundo você observar um bebê dormindo. Ela, bocejando, mexendo as mãozinhas, de olhos fechados, e, vez por outra, tentando abri-los. Desejo a ela boa sorte quando abrir os olhos, pois ela passará a ver um mundo que não anda muito bem das pernas. Desejo a ela muita poesia na vida.

Falando em poesia, essa é recém-nascida (como Olívia). Ganhou forma há poucos minutos:


SER O QUE SE CRIA

seria necessário
alinhavar-se
nos gestos
e a cada disfunção do cotidiano
, que lhe era possível
internalizar;

assim como rir de cada besta fera,
cuidadosamente recolocada
nas mesmas reentrâncias
do seu mesmo sorriso frio
, entreaberto
levando poeira,
e engolindo as palavras a seco,
ressequindo a cada dia;

era uma volúpia inexplicável,
era uma angústia infinda,
eram cálculos binários
& dízimas sem rimas,
mas no final das contas
, e no fim de tudo,
tudo era poesia.