29 novembro 2006

palavras & amor



Para ler ouvindo Now That I Now, by Devendra Banhart
Download através do link:
http://rapidshare.com/files/5388730/01-devendra_banhart-now_that_i_know.mp3.html

.. e os poemas, todos, cicatrizaram em sua língua.nada mais eram a não ser feridas, túrgidas, acariciando sua pele, suas fúteis e libidinosas ousadias. sua volúpia multiplicava-se infinitamente por muitas mil; ele acreditava ser possível conquistar pessoas e mundos com míseras palavras. quão vil era o propósito, todos pensavam. Mal sabiam que através dessas palavras, através de cada uma delas, ele era um pouquinho mais feliz e distanciava-se cada vez mais do mundo e das pessoas, para poder morrer em paz, tranqüilo.



Cometi agora esse pequeno texto acima. Assim, de sopetão, de repente. Veio-me de uma vez só. Ando um tanto quanto à flor de pele. Talvez, se visse algum beijo na novela, choraria. Quem sabe eu até chorasse por um punhado de amor. Mas não. Mendigar sentimentos é para os fracos. Mas isso não quer dizer também que eu me basto. Não tenho essa empáfia. Não ainda. Fui aprendendo a não ser estúpido a ponto de acreditar que migalhas alimentam um coração tão voraz e sedento quanto o meu, e também aprendi a não me desesperar por tais migalhas. Se vier o amor (quando digo amor, refiro-me a todo e qualquer tipo de sentimento que denote afeto, respeito, carinho, bondade, etc.), que seja de forma natural, porque aí sim, é verdadeiro, é puro, é terno, pleno. Trocando em miúdos (e surrupiando o nick de uma conhecida minha): “não trate com prioridade quem te trata como opção”. Dizendo assim, de forma mais concisa, curta e grossa.

O texto lá de cima fala, em poucas linhas, de uma espécie de refúgio (e até de alívio) que busco nas palavras para poder ficar mais em paz comigo mesmo. Decepcionado com a forma como as pessoas vêem e levam a vida (principalmente no que diz respeito ao amor, amizade, respeito ao seu próximo), me entorpeço através do que escrevo. É uma sensação de torpor alegre, feliz, suave, satisfeito, felicidade intensa. Distante das pessoas e mais próximo de mim, amo cada vez mais, e fico mais tranqüilo. Aprendi a não chorar por migalhas, mas não perdi o que há de afeto voraz e sedento em mim. Quero amor 24 quilates, com pedigree... felicidade e, quem sabe, um pouco mais até.



momento literário, celebrando o amor:

LUGAR DE SE VER

ela trazia borboletas no nome,
e um traço que há muito não se via
1 nome de porcelana,
pintado de giz.

e eu, nas asas delas, borboletas
saboreava o cheiro, o torpor,
selecionava por entre os dedos [talvez eles,
, pequenos e tímidos,
fossem a única coisa que as tocavas nesse momento]
suas mucosas, que se delineavam
por mim,
e por elas mesmas;
quantas delas denotavam mais de mil sabores
por entre as papilas de minha língua?

ela, naquele lugar de se ver,
me abordava, sucintamente,
queria apenas 1 beijo
e eu só pude lhe dar
o meu pequeno amor.

...

mocinho de bons modos sou eu.

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