14 janeiro 2009

basta perguntar

interrogação

sabe-se na língua,
um gosto de tormenta
que é tragado pelo tempo;
ele é teso, duro, rijo,
mas acalma,
cauteriza momentos,
refaz hipóteses, possíveis intentos

e...?;

e sob os pêlos,
por dentro de qualquer coisa que
, concomitantemente à percepção de vidas,
separa aspectos e singulares possibilidades,
sente-se o toque?
;
pois, então, onde estarão as horas? onde, fora dos relógios?
nos compassos e rimas que vão se delineando, então,
à espera das sensações, das papilas,
nas coisas tão da gente,
da alma,
ou de qualquer coisa que seja
,
simplesmente,
nós.

12 dezembro 2008

roendo...

Pessoal bonito danado!

Foi com grande honra que a Ínsula participou, com o clipe Roendo o Ócio, do 10º Festival de Vídeo de Pernambuco, promovido pela Fundarpe, em parceria com a Prefeitura do Recife, e cuja mostra competitiva aconteceu nos dias 1, 2 e 3 de dezembro, no Teatro do Parque.

O clipe teve uma excelente recepção do público presente na sua estréia (dia 1), sendo o mais acessado no site da Fundarpe (mais de 500 visualizações) durante a semana do festival.

A premiação dos vídeos concorrentes no festival foi anunciada na última quarta-feira (10), na Torre Malakoff. Roendo o Ócio foi agraciado pelo júri com a menção honrosa na categoria videoclipe.

Concorreram 18 videoclipes, e os premiados foram:

1.º lugar - Expresso da Elétrica Avenida (Nação Zumbi), de Victor Jucá
2.º lugar - Ladeira (Orquestra Contemporânea de Olinda), de Marcelo Costa
3.º lugar - Salto Alto (Júlia Says), de Igor de Lyra e Igor Pipa

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Para quem não pode conferir Roendo o Ócio no Festival de Vídeo de Pernambuco, ele já está disponível no YouTube:

Além disso, a gravação oficial da música já está rolando no MySpace da Ínsula:

www.myspace.com/ilhadosvicios

E quem quiser conferir os melhores cliques do making off do clipe, as fotos já estão disponíveis no flickr da Ínsula, através do link:

http://www.flickr.com/photos/ilhadosvicios/sets/72157611113309495

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A MÚSICA / O CLIPERoendo o Ócio (2’46”), composta por Leonardo Vila Nova e Juliano Muta, tem um letra bem humorada e irreverente, e é uma verdadeira ode à vagabundagem, ao ócio, criativo ou não. Numa exaltação inversa aos valores padrões da sociedade, onde “o trabalho dignifica o homem”, em Roendo o Ócio, a Ínsula pergunta: “esforço para quê, se no descanso o lucro é bem maior (e a vida é bem melhor)?”, num arranjo que, paradoxalmente, não consegue deixar ninguém parado.

O videoclipe foi produzido por uma equipe formada por alunos de Rádio e TV da Universidade Federal de Pernambuco, e contou com o apoio do ateliê Celula Máter, e com a montagem de som do professor e maestro Osman Gioia. O vídeo retrata bem o clima que a música sugere: cenas de estúdio se misturam a uma ambientação descontraída, onde os músicos encarnam o espírito bon vivant do qual a letra fala. A partir do roteiro sugerido pelo grupo, os integrantes da Ínsula aparecem fazendo tudo o que lhes dá na telha: trajando pijamas e outros trajes sumários no meio da rua, tomando banho, bebendo, tocando... enfim, se divertindo e deixando a vida rolar numa nice!

A Ínsula agradece a todos que colaboraram, acessaram o vídeo, se divertiram, comentaram, enfim, a todos que estiveram juntos conosco em mais esse momento.

Fico feliz!

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19 agosto 2008

o sádico e satânico jazz do marquês johnny depp

Para aqueles que se espantaram com o título da postagem:

Neste domingo, eu recebi, sob a égide da maravilhosa Marília de Amorim (mais conhecida como Mari) a honraria de ser intitulado líder do mais novo movimento musical que vai revolucionar os ouvidos da cidade do Recife: o satan-jazz!!!




Calma! Calma! Calminha! (almas minhas). Isso nada tem a ver com música satânica ou coisa do gênero. Foi apenas uma brincadeira que se deu na madrugada do dia 16 de agosto (sábado último), em pleno Quintal do Rossi Love, Olinda.

Numa singela noite, regada a cerveja, depois de ter tocado na Calourada mais atrasada de todos os tempos (a de Arquitetura, no CAC, que iria começar às 17h e só iniciou seus trabalhos às 20h30); Depois ainda de uma passagem pelo Garagem, eis que fui parar naquele ambiente lúdico, que é o Quintal do Rossi Love (quando vejo aquelas meia-luzes “iluminando” aquele cubículo, onde pessoas dançam numa deliciosa movimentação extasiante, só me vêm um puteiro à cabeça).

Lá, observando uma parte onde há diversos vinis pregados colados nas paredes, vi uma, duas, acho que até três fotos de discos de músicos do jazz, em plena ação: tocando trompetes, num sopro tãããããão instigado, que suas bochechas inchavam de uma forma absurda (igual a essa imagem do Dizzy Gillespie).

Impressionadíssimo com aquilo, resolvi bater uma foto de mim mesmo, tentando chegar ao ápice da elasticidade muscular, inchando as bochechas que nem esses grandes músicos.

E eis que saiu esse feito aqui:



Ao ver a foto, fiquei assustado com o que vi. Mostrei a Mari, dizendo assim: “Mari. Olha só o SATANÁS!!!” Ela riu copiosamente e começamos a anunciar aos 4 ventos: “É o SATAN-JAZZ!!!”
E eis que foi a plantada a semente dessa brincadeira.

Se eu fosse dar uma definição pra isso, para o que viria a ser o Satan-Jazz, pegaria emprestadas umas expressões da própria Mari, misturaria ao momento e ao ambiente em que aquilo surgiu, às minhas próprias definições de diversão, prazer, e lembraria até de Raul Seixas, com sua Sociedade Alternativa e quando dizia que o “diabo é o pai do rock”.

Na realidade, o diabo (o anjo mais lindo que Deus haveria criado) é o pai de todas as coisas carnais, de todos os prazeres mundanos, anti-celestiais, da bebida, do sexo, do delicioso caos que há no rodar, rodar, rodar e deixar-se cair nas graças da despretensão de ser feliz. Ele também é natureza, no sentido de que, sem hipocrisia alguma em dizer isso, ele está presente em quase tudo que nós, seres humanos, desejamos fazer e sentir mas que a Igreja nos recrimina. Ele seria uma outra face da moeda na qual, do outro lado, encontramos Deus e toda a culpa cristã, edificada em nossos corações e mentes através das instituições religiosas. A outra face da MESMA moeda.

Portanto, o diabo é o pai do rock, é o pai do jazz, é o pai da libido, da diversão, do prazer, da carne, e, junto a Deus (seu irmão gêmeo – ou o seu Pai compreensivo e libertador) é o pai da criação, do estímulo à criação em momentos como esses, onde a bebida impera e a felicidade em encontrar pessoas bacanas se faz presente e verdadeira.

Aqui, nada de apologia ao satanismo. Mas à liberdade da vida, da criação, do jazz, do amor e do prazer, e também da brincadeira.

.

Mostrando um poema meu à mocinha Priscila (que conheci em Garanhuns, e que vim rever, bem rapidamente, também no dia tal Calourada), perguntei o que ela achava. Entre outras coisas, ela me disse:

Prisci. diz (00:19):
hummm
Prisci. diz (00:20):
parecia o marquês de sade. me lembrei dele.

Depois, ela complementa:

Prisci. diz (00:21):
mas foi a primeira coisa que veio na cabeça, depois o lindo do johnny depp.
Prisci. diz (00:21):
HAHAHAHAH
Prisci. diz (00:21):
Tbm não sei pq.

Vou escrever um poema em homenagem a Johnny Depp, ao estilo dos contos do Marquês de Sade. Crueldade libidinosa, hein? Será que meu poema é tão belo, porém, não tão puro? Ou será que dentro do escrevo essa coisa da beleza caminha equiparada à dor que o prazer também pode provocar?

São esses estímulos à libido feminina, cada qual ao seu modo, Marquês de Sade e/ou Johnny Depp.

Viva a poesia de Vila Nova!!!

E tenho dito (modesto, né?)

=P

30 julho 2008

amo

Eu ainda consigo ter forças pra ser muito mais do que a vida me permite ser, mesmo que muitos seres nesse mundo quase que inanimado se esforcem pra me dizer que não, que não serei nada além do que se convencionalmente permite. As convenções estão aí, pra serem colocadas. Eu nasci pra desobedecê-las. Por isso, ainda teimo em ser mais. Muito mais, muito além. Acho que ganhei liberdade pra isso. A vida me deu essa liberdade.

É isso. Às 3h57 começando a escrever isso, completamente cheio de Martini circulando pelos vasos sangüíneos. Hoje, me permito escrever ébrio, sem os filtros habituais dos sóbrios, que aniquilam tantos versos, tantas poesias, tantas cores, tantos amores, tanto do tudo que nos coloca paixões nas veias. Hoje, eu preciso de poesia, de lágrimas, de risos escandalosos também, me mostrando que há pulsão suficiente pra eu me sentir vivo, tão mais vivo do que já me senti.

E por me permitir essa vida, me permito também dizer o que dela me vem naturalmente, sem me cercear, na beleza do que ouço agora (Depende, cantada por Amelinha e Fagner), na pureza das coisas que sinto, das coisas que desejo que repousem sobre mim.

Sabores dos mais deliciosamente apaixonantes. Eu me sinto exalando a tão interminável profundidade de ser/ter felicidade esborrando pelos poros. Eu tenho meus amigos, meus queridos amigos. Minha música, que também são eles e deles. As pessoas que estão por aqui me soam como música. Essas pessoas são música. E músicas. E singulares/plurais percepções do tudo à minha volta.

Nos últimos dias, mais do que nunca, desfrutei de uma intensidade nunca antes degustada. É na medida dessa intensidade (ou além dela) que as coisas se colocavam; e mais vida se pretendia. E, no final das contas, mais corpo, alma, coração e vigor se exigia. E isso, no final das contas, exige muito do físico de um ser humano. Só que, dentro desse contexto, dessa vivência única, a alma, em si, recebe um upgrade formidável. E sabe por quê? Porque ela recebe estímulos a todos os momentos. As artes te cercam por todos os lados. As emoções te remexem a todos os momentos. As paixões (efêmeras, por certo; ou até aquelas mais cheias de durabilidade) são uma constante. Essas são as motivações mais belas (e ao mesmo tempo ambíguas) que se podem ter nesses dias vividos dentro de uma outra esfera de realidade, dentro de um outro contexto, onde tudo está exacerbado. E é nessa realidade (tão fulgaz, mas intensamente verdadeira) que a vida cobre-se de tão instigante lidar, de tão instigante ser/perceber/sentir, e que qualquer coisa que se faça nesse ínterim (seja o mais sublime gesto de carinho até a mais idiota atitude louca e bêbada) vale a pena.

Amo.

Amo do maior tamanho das pequenas coisas. E da maior de todas elas também. Mas me instigo em falar muito mais sobre a intensidade dessas pequenas coisas. Sabe por quê? Pois elas, aparentemente, nos dão uma conotação de muito simplismo, quando, na realidade, mesmo sendo pequeninas, estão cheias de sua mais essencial totalidade.. isso, quando digo que amo do amor do maior tamanho delas. A totalidade está aí, muito além da superfície das coisas que são apenas resquícios. E eu continuo sem ter medo de coisa alguma. Amo na totalidade sempre. Sejam as coisas pequeninas, simples. E sejam elas mesmas as mais grandiosas. O que importa é viver no cerne do afeto. Do mais puro amor.

Hoje, eu quero falar sobre tudo isso, sobre os amores, sobre a delícia de se viver.

E eu digo: tenho muito mais paixão pela forma poética como podemos enxergar, perceber e conduzir a vida. Ela só vale a pena se formo, repito, no cerne do que dela podemos sugar ao máximo, sem dó nem piedade. Até porque o que encontramos quando mergulhamos nela desaforadamente somos nós mesmos, despidos de qualquer amarra, unicamente embebidos em suor e suavidade.

Tenhamos em nossas vidas objetivos a serem alcançados. Mais exatamente aqueles que nunca conseguiremos alcançar; pelos quais travaremos uma luta cega, apaixonada. Pois esses objetivos nos levarão, sem que percebamos, a lugares muito mais íntimos e amplos do que poderíamos chegar a imaginar sobre nós mesmos.Esses caminhos inatingíveis nos dão cada vez mais força a ir além. E eu quero colocar toda a minha força de existência, todo o meu amor e minha vida no caminho dessa busca. Estarei eu lá, mergulhado, voltando ao início de tudo o que disse: sendo mais do que a vida me permite ser.

Entendem?

Lembro-me de Jomard agora: não digam “amém, amém, amém”. [...] digam “AMEM, AMEM, AMEM”

29 junho 2008

a voz do morro

Nacionalmente, Recife é conhecida como terra do frevo, maracatu, movimento mangue, etc. Mas a diversidade cultural da cidade vai muito mais além do que se pode imaginar E eis que Recife, celeiro incansável de novidades musicais, surge com mais uma das suas. Porém, uma novidade das mais insólitas e curiosas: João do Morro.

João do Morro é morador do Morro da Conceição (Casa Amarela), comunidade da Zona Norte do Recife, cuja população possui menor poder aquisitivo. E lá, como qualquer comunidade mais pobre dessa cidade, se convive de forma harmoniosa com manifestações culturais mais tradicionais como o já citado maracatu, a capoeira, o candomblé, como também expressões mais “popularescas”, como o pagode, o funk e o brega, que faz parte, indubitavelmente, do condicionamento cultural construído pela cultura pop, edificada pela TV e rádios FM. João do Morro faz parte dessa parcela da comunidade. Mas ele (felizmente ou não) não é apenas isso.




João, além de ser a expressão mais fiel do que é chamado de “mundiça” (gíria nordestina, ou, pelo menos, pernambucana, que quer dizer “ralé”, “povão”), é também um verdadeiro cronista da “fuleiragem” da periferia recifense.

Em suas músicas (em geral, pagodes e suingueiras), ele faz um apanhado geral (de forma engraçada, debochada e escrachada) de todos os tipos característicos dos morros, comunidades e favelas da cidade. Nada escapa aos versos ferinos, irreverentes e bem humorados de João do Morro; personagens e situações não faltam às suas crônicas cotidianas: o gigolô (de coroa, de sapatão), as ligações de 3 segundos em celular (de quem é “liso”), o “papa-frango” (outra espécie de gigolô, dessa vez, bancado por um gay), o loló (espécie de entorpecente bem baratinho, bastante popular em Recife), as moças que fogem da chuva pra não verem desmanchadas suas escovas progressivas e outros artifícios utilizados pra manter os cabelos mais comportados, entre outros “causos”.

A música de João do Morro tem a cara e o cheiro do seu povo: um pagode num sábado à tarde, regado a cerveja nem tão gelada, um espetinho (de carne, frango, coração ou frango com bacon), ou um churrasco, com farofa e vinagrete, no pratinho descartável, gente suada, mulheres de shortinhos minúsculos, sambando enlouquecidamente, clima de libido, escrotice e gréia. Os ingredientes certos pra traduzir o que simboliza a sua música.

Pelo fato de ser do morro e fazer uma música que escancara, sem papas na língua, a vida no próprio morro, o seu povo, seus costumes mais arraigados, João utiliza gírias típicas do povão, de quem e pra quem fala diretamente. Expressões como “frango”, “boyzinho”, “nêga boa”, “caô”, “casa de furança”, além de palavras de baixo calão (típicas do vocabulário da “mundiça”), fazem parte da poética de João de Morro. Uma poética que pode parecer chula, sem classe, agressiva, mas que, na realidade, é autêntica, sem recalques e que retrata o cotidiano nu e cru das comunidades, de forma divertidíssima.

Outro fato interessante é que João do Morro, mesmo sendo um representante vivo da chamada “fuleiragem”, desse lado mais escroto da nossa sociedade, um lado que é tido como ignorante, sem instrução (e, de fato, socialmente, o é), mesmo assim, ele não perdeu de vista a forma mais rápida e eficaz de fazer com que seu som pudesse alcançar o maior número de pessoas possível: a internet. João do Morro já gravou dois discos, mas é pela internet que ele consegue, de fato, disseminar seu trabalho. Dia após dia, registros de seus shows são disponibilizados no mundo virtual, seja no
YouTube, no MySpace, ou através de outros meios. Sinal óbvio de que ele não perde tempo e não está pra brincadeira. Ele é muitíssimo consciente e antenado com as benesses que a tecnologia pode propiciar, e as utiliza a seu favor. E foi através da rede que ele conseguiu fazer uma ponte entre os morros, as comunidades mais pobres, sua cultura e o universo “alternativo”, mais “bem provido” (intelectualmente, financeiramente) da nossa cidade. Até mesmo um público que, a princípio, o rejeitaria, tem prestado atenção à sua música. Tanto é que sites especializados em música pop e independente (Recife Rock e Revista O Grito) já escreveram sobre ele.

Dando sinais do quanto é pop, no
MySpace de João do Morro (em cuja descrição de estilo diz “Alternativa/Glamourosa/Experimental”), pode se encontrar seus vários amigos “improváveis”, como, por exemplo, outro fenômeno da música pop, mas de outra vertente: Mallu Magalhães.

É por essas e outras que João do Morro tem conseguido dar o que falar, seja nos seus shows (onde seus discos são vendidos a “5 reau”), nas favelas, nos carros de som que vendem discos piratas, na internet, nas conversas entre o público alternativo. Diferentemente do discurso dos pagodeiros de até então, João do Morro constrói o seu, intencionalmente ou não, em cima de uma visão quase que antropológica, empírica, do seu povo, do seu cotidiano. Sem firulas, direto, engraçado, escroto. Assim como o povo brasileiro.

Pra quem quiser curtir o som de João do Morro, é só ir lá no blog Som Barato e baixar um ensaio, em duas partes, além de um de seus shows, gravado no Espaço Aberto. Inclusive, esse mesmo texto acima também foi publicado lá, na íntegra.


Eis o link: http://sombarato.blogspot.com/2008/06/joo-do-morro.html

12 junho 2008

sinais

silêncio molda idéias
e retoma, da absoluta abstinência
de inspirações,
o instante mais perfeito,
que se anuncia quando
pessoas se calam
e o sentimentos se espalham,
para cristalizar-se no ar
ao nosso redor,
e redescobrir o que nossos gestos
nunca ousaram tocar,
através de uma ressurreição de palavras
que, delirantes, renascem e se recombinam
em meus genes claros
e inquietos,
atravessam meus poros
e purificam minha mente
minh’alma
benfazeja,
fazedora de haikais
a verter-se em si
dos setenta e sete buracos da consciência.

19 maio 2008

a estrutura da poesia descosturada


em que se insere o acaso?
no ritmo e no afinco da teoria do duro trabalho?
ou na escrita espontânea da livre poesia?
e, assim, os mitos dessa escrita sem inspiração, tão somente mera e mecânica caligrafia,
resistem em sua incólume nobreza,
à pobre e nefasta disritmia dos signos,
da livre ortografia
& da possível, quem diria, não tão bem forjada poesia.

a arte se dilui em sua pouca assimilação,
intacta,
indagada e proferida sem ritos ou profanações;
o imperceptível não possui formato,
e, achado entre escombros, permite-se desmembrar
em cada pensamento e movimento.
; à sua divisão desarticulada
, em que o limitador da palavra se sobrepõe aos seus próprios quereres,
e monta vertigens isoladamente convencionais,
a carta indefinível,
a gráfica inatingível.

o perfeito recurso de persuasão
soma-se à cotidiana simbologia,
adquire a coesão das literárias partituras
e abrevia o tom da rebeldia;
nenhuma renúncia, porém,
& vanguardas incorporam-se à tipografia lenta e mordaz,
comunica-se fragmentariamente e condensa-se ao pôr-do-sol;
substantivada, a fibra se desestabiliza,
interpolada visualmente em suas regentes vanguardas,
capta o discurso lingüístico expandido
e inventa sem explicar.

redigida sem conversão
o novíssimo, menor que é, lhe intui ao prefácio
entreposta, esquartejada sobre suas próprias escalas;
decidir-se pela veemência lhe cansa as vistas
como se a razão do fingir/deglutir fizesse dela menos bela
e, da primeira à última letra, suas rimas se engolem e desvirtuam,
convertidas em suposições obstinadas, porém, sem cifras lógicas;
o diálogo é tão breve que a textura se esconde em seus próprios meandros;
& as entrelinhas, contanto, fazem parte do organismo da poesia
e, pedantemente, são grafadas de inútil forma por serem daninhas
e contaminar todas as letras, sem misericórdia, e sintetizá-las em sua própria língua

[o hábito: dissolução da provável matéria e subversão do seu próprio verbete, sem que as geometrias proverbiais se mostrem inconclusas, dando ao rodapé da última página o gosto e o deleite do iniciar a leitura sem nenhum dano óptico ou espiritual] provocar a estação, onde o abandono ascende à presença da vida e flui sem amarras;
coordenar o som das palavras e juntá-las, sem qualquer harmonia,
a textualização dos pormenores e a inserção dos olhos dos outros ao rever as condutas e etiquetas,
onde se possa constatar que a estrutura da poesia descosturada
é digitar dentro/fora de si próprio
o que as próprias palavras nunca saberão dizer.

19 março 2008

o pecado antes da reza


Meus queridos,



eis que amanhã (quinta, 20/03), véspera do feriado de Semana Santa, vai rolar uma festa bacana, pra quem tiver afim de curtir um bom som..





O Pecado Antes da Reza. Esse será o show de estréia da Ínsula, que há quase 1 ano vem se reunindo, tendo idéias, costurando sons, colocando amor e energias em suas canções, para, enfim, apresentar seu repertório ao público. Repertório que inclui músicas próprias e releituras de artistas como Beatles, The Doors, Moreira da Silva, Tom Zé, com um quê de autoralidade, fazendo com que tais obras tenham a cara da Ínsula.


Esse show, na realidade, vai ser um passeio pelas mais diversas nuances, sensações, timbres e cores, da música insólita e imprevisível que escolhemos por fazer, onde cada compasso se transforma em algo absolutamente diferente e inesperado, onde o diálogo entre elementos tão diferentes entre si (como um cavaquinho e um violoncelo, por exemplo) traduz justamente essa nossa vontade de querer sempre fazer um som que se possa ouvir, sentir, cheirar, lamber, tocar, fazer reverberar dentro de todos os cantos da cabeça, do coração e da alma.




Além da Ínsula, quem também se apresenta amanhã é a banda Pé Preto, uma turma da mais alta qualidade, que traz na bagagem muito groove, black music, soul, funk, com um repertório que vai de composições próprias, passando por Tim Maia (da fase "Racional"), até versões de artistas como Caetano Veloso, Lula Côrtes, The Beatles, etc.. Enfim, tudo é "funkeado" (e muito bem) por essa galera.

E no intervalo entre as bandas, entra em ação o DJ Justino Passos.

A quem interessar possa, O Pecado Antes da Reza vai rolar a partir das 22h, no Quintal do Lima, que fica na Rua do Lima, nº 100, em Santo Amaro (próximo à TV Jornal).

A entrada vai custar R$ 5,00 (cinco dinheiros).

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E pra quem quiser sacar sobre a Ínsula, eis as vias de acesso:

ilhadosvicios@gmail.com
www.myspace.com/ilhadosvicios
www.youtube.com/ilhadosvicios
www.flickr.com/photos/ilhadosvicios

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Um grande abraço a todos.. E VAMOS PECAR AMANHÃ!!! DEPOIS A GENTE REZA, PEDINDO PERDÃO (OU NÃO)..

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Apreciem sem nenhuma espécie de moderação.

15 março 2008

É ROCK E É SAMBA!!!!

Meus queridos,

vamos a uma agendinha básica pra esse fim/começo de semana.

A NOITE DO DESBUNDE ELÉTRICO II

Nessa noite de hoje (sábado, 15/03), a partir das 21h, o Armazém 14 será o local onde será celebrado o mais puro rock'n'roll.

É a segunda edição do festival A Noite do Desbunde Elétrico, que irá reunir bandas que têm em comum a influência do rock dos anos 60 e 70.



A programação conta com as seguintes atrações:

- Os Insites
- Canivetes
- Malvados Azuis
- Lula Côrtes e Má Companhia
- Cabelo de Sapo
- Dunas do Barato

A entrada custa R$ 5,00 (cinco dinheiros).

ATENÇÃO: Eu estou sabendo (através da comunidade do show) que as moças não pagam até as 22h. Além disso, Lula Côrtes e Má Companhia será a primeira atração da noite, começando EM PONTO. Então,quem tiver afim de ir, não se demore muito a chegar lá.

Aaaahh.. também vale frisar que eu farei uma participação no show dOs Insites, na música Sem Fazer Média, da qual participo também no EP homônimo que está sendo lançado por eles.

Quem quiser sacar a música, pode baixar por esse link aqui:

http://rapidshare.com/files/99632787/09._Os_Insites_-_Sem_Fazer_M_dia.mp3.html

E por falar nOs Insites, eles estão concorrendo a uma das duas vagas do Abril Rock deste ano. Rolou uma pré-seleção em que foram escolhidas 10 bandas (5 de Pernambuco e 5 de outros estados do Nordeste), pra serem submetidas ao voto popular.

Portanto, gostaria de pedir a todos que acessem o link (www.linkmusical.com.br/abril) e votem nOs Insites, ok?

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QUINTETO ALVORADA NO UK PUB

E nessa terça-feira (18/03), a partir das 21h, o UK Pub recebe o grupo Quinteto Alvorada.

O Quinteto Alvorada (ex-Estúdio Samba) é um grupo do qual faço parte, junto com os queridos companheiros Juliano Muta (voz e violão), Deco Nascimento (contrabaixo), Jeremie Moussaïd (guitarra) e Manel Cunha (bateria).

A proposta é desconstruir, reprocessar o samba e REdizê-lo através de outras vertentes musicais, como, por exemplo, o reggae, a salsa, o rock, o tango, o jazz, o xote, etc.


No repertório, músicas de Chico Buarque, João Bosco, Vinicius de Morais, João Donato, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, entre outros, são reinterpretadas através de releituras bastante originais, e até mesmo inusitadas, não se predendo ao tradicionalismo, e permitindo a experimentação de novas nuances e possibilidades musicais.

O UK Pub fica na rua Francisco da Cunha, nº 165 - Boa Viagem.

O couvert custa R$ 5,00 (cinco dinheiros)

ATENÇÃO: Vai rolar ladie's free até as 22h e clone de chopp até as 0h.

Portanto, aproveitem pra curtir um bom som e encher a timba (com moderação, claro).

E levem suas parêias!!!

03 março 2008

ilha dos vícios


ATENÇÃO! ATENÇÃO! ATENÇÃO!

Em edição extraordinária e especialíssima!!!

POST N.º 50 DA CAIXINHA:

Essa postagem de número 50 ficou reservada para uma ocasião importante. E ela se chama ÍNSULA.

Muita gente, com certeza, já deve ter me ouvido falar sobre a ÍNSULA, que é uma das bandas da qual faço parte.

Até então, não chegamos a fazer nenhum show "OFICIAL "de estréia (apenas um pocket-show, no fim do ano passado, na festa de confraternização da Representação Regional do Ministério da Cultura). Isso por conta do tempo que as idéias, canções e arranjos levaram pra maturar. Sem contar o fato de que todos da banda têm muitos outros afazeres. Por isso, também foi um trabalho danado conciliar as agendas de todos.

Mas, até que enfim, chegou a hora. E neste mês de março, a ÍNSULA estréia, OFICIALMENTE, para o público em geral.

E pra quem quiser entender o que vem a ser ÍNSULA, segue o release da banda:

“Concreto e neblina cega. O homem moderno vive imerso em uma maquete de mundo que criou para se sentir seguro e nem conhece direito o planeta em que vive, que dirá o universo. Mas há algo que grita dentro de cada ser humano, silenciosamente, ao fechar os olhos ou meditar. Até onde o que existe é criado pelos sentidos? Qual o limite entre o real e a fantasia? E se tudo que vemos não passar da construção ancestral de uma linguagem viciada?

A resposta para a origem dos desejos está numa ilha dentro de nossas cabeças: Ínsula. Sua função cerebral é o controle de todos os vícios, os impulsos de vida. É ela a responsável por iludir nossos olhos, boca e ouvidos, sendo a fonte de nosso prazer e de nossa dor. Desatento, pode alguém passar pela vida e não vivê-la de fato, ludibriado pelos sentidos.

Nesse cenário, a música é libertadora. Ela tem o poder de nos levar além dos limites, fazendo-nos transcender o visível. Ao acompanhar uma harmonia e uma melodia bem construídas, a mente viaja por mundos nunca antes visitados. E é justamente essa a proposta do grupo: percorrer o universo musical com sensibilidade e ultrapassar a barreira do superficial.



No repertório, um projeto que se aventura na experimentação da composição própria, além de releituras da música seiscentista e setentista, com incursões pelo samba, baião, tropicalismo, jazz, valsa, dub, blues, através das mais diversas possibilidades, sem fronteiras geográficas ou estilísticas.

A partir de um formato pouco usual, o grupo sugere, através de suas canções, [re]combinações improváveis de situações musicais, trabalhando ritmo e poesia, arranjos e performances, numa simbiose de sensações, onde toda e qualquer forma de expressão musical é reprocessada e torna-se estimulante aos sentidos.

A idéia é ter liberdade para, por exemplo, fazer uma leitura de um standard do jazz norte-americano se utilizando de elementos tupiniquins ou executar um típico baião nordestino com o mesmo apuro e cuidado, sem preconceitos, pois música é universal. Há boa música em Bangladesh e na China, em Oklahoma ou no Sertão do Pajeú, basta estar aberto a ouvi-la.”


Imersos no vício, então:

Juliano Muta voz e violão
Demóstenes “Macaco” Jr. trompete, cavaquinho e voz
Fel Viana contrabaixo e voz
Leonardo Vila Nova percussão e voz
Manoel Cunha bateria
Luís Carlos Ribeiro violoncelo

O show de estréia da ÍNSULA irá rolar no dia 20/03 (véspera do feriado de Semana Santa), às 22h, no Quintal do Lima, junto com a banda Pé Preto.

E na semana seguinte, no dia 28/03 (última sexta-feira do mês), também às 22h, a ÍNSULA faz mais um show, dessa vez no Novo Pina, junto com a Comuna.

Mas, antes disso, nessa próxima sexta (07/03), a partir das 14h, a ÍNSULA irá participar do programa Pernambuco Cantando para o Mundo, na rádio Universitária AM (820 MHz). Em uma hora de programa, iremos falar um pouco sobre nosso som, nossas idéias, nossas canções e projetos futuros. Vai ser um bom papo.




Quem quiser conhecer mais sobre a ÍNSULA, é só acessar:

www.myspace.com/ilhadosvicios
www.youtube.com/ilhadosvicios
www.flickr.com/photos/ilhadosvicios

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Das 4 canções disponíveis no MySpace, 3 delas são um diálogo direto com a literatura:

4 Horas e 1 Minuto e Pecado Aceso Claro são textos originais do poeta recifense Miró, musicados por Juliano, pra fazer parte da trilha do documentário Onde Estará a Norma?, que fala justamente sobre a vida e a obra de Miró, e faz uma abordagem sobre sua relação com a poesia, a cidade, o cotidiano.

Átema, por Encanto é composição de Juliano e Yuri Pimentel (Comuna) sobre texto de Clarice Lispector, do livro Água Viva.

Além disso, essas gravações contam a participação de Lucas Araújo (Parafusa, Dibontom) nas baterias em Missa e Pecado Aceso Claro; Júnior Crato (Rivotrill) e sua audaciosa flauta dão o ar de sua graça também em Pecado Aceso Claro. Em Missa, o contrabaixo ficou por conta de Yuri Pimentel. Também presente nesse trabalho, a voz de Joana Velozo em Átema, por Encanto.

A música da ÍNSULA exala sensibilidade, apuro e também boas doses de bom humor. Além de possuir uma grande carga cênica. São músicas feitas não só pra ouvir, mas pra ver, dançar, sentir, cheirar, tocar, lamber. Sem falsa modéstia nenhuma, posso afirmar que, realmente, é essa a pretensão: fazer uma música que dialogue com os sentidos; uma música completamente humana, mas muitíssimo audível e compreensível pela alma e coração.

Mais uma vez, o serviço, pra todos ficarem atentos:

07/03 (sexta-feira), às 14h – Entrevista com a ÍNSULA no programa Pernambuco Cantando para o Mundo, da Rádio Universitária AM (820MHz).

20/03 (quinta-feira), às 22h – ÍNSULA (estréia) + Pé Preto, no Quintal do Lima. R$ 5,00 (cinco dinheiros)

28/03 (sexta-feira), às 22h – ÍNSULA + Comuna, no Novo Pina. R$ 5,00 (cinco dinheiros).

Náufragos, aproveitem para ancorar nessa ilha dos vícios e divirtam-se!!!

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