22 agosto 2006

eu, de ti, levo tanto..



era uma vez: entorpecido dela,
numa beleza só,
era por dentro, e tão mais por fora
era ela, numa mesa.
apareceu-me de tamanho sorriso,
e me abraçou, feito ao mundo,
e me beijou, como se beija o absurdo.
era um sabor denso,
era doçura impalpável por dentro
e ácida beleza por fora,
de quem já não era mais si mesma
seja pelo beijo, seja pela vida,
pela poesia de estar ali,
entregue a quem não sabia,
e depois estando em outros braços.

eram duas vezes: inevitável sorriso
o meu, o dela,
rostos nus,
despidos,
corações sem ter porque.
era lascívia?
não, era sentimento que não se sabia,
enfim, era tudo e mais um pouco
espalhado, desordenadamente, pela mesa
encharcado de nós o tempo inteiro
era o tempo do seu desvelo
sorver um ao outro, sem nenhum segredo
e na inquietude de pensar:
tudo que acontece duas vezes,
terá de ser três.

eram três vezes: e era querer,
eu a ela, ela e eu
mais uma vez, inteiros.
por mais uma vez, apenas.
não se sabia ainda,
e era noite última
em que as almas,
mais uma vez inquietas,
se freqüentavam,
e, mesmo que envergonhadas,
permitiram-se,
derramaram-se no tempo,
a esquecer que a poesia
e a beleza de tudo que girava em torno,
teria fim um dia.

éramos, eu e ela,
errantes...

por fim,
éramos...

2 comentários:

Anônimo disse...

Minino..que poema é esse Léo?
é pra quem eu estou pensando????

Muito lindo..parabéns!!!

beijosss

Anônimo disse...

nossa..fikei sem saber o q lhe dizer..o poema é realemente muito lindo e ao mesmo tempo muito triste
e não sei se te agradeço ou lhe peço desculpa..+ nunca se esqueça vc é sempre será meu anjinho da guarda..xeruu