30 julho 2008

amo

Eu ainda consigo ter forças pra ser muito mais do que a vida me permite ser, mesmo que muitos seres nesse mundo quase que inanimado se esforcem pra me dizer que não, que não serei nada além do que se convencionalmente permite. As convenções estão aí, pra serem colocadas. Eu nasci pra desobedecê-las. Por isso, ainda teimo em ser mais. Muito mais, muito além. Acho que ganhei liberdade pra isso. A vida me deu essa liberdade.

É isso. Às 3h57 começando a escrever isso, completamente cheio de Martini circulando pelos vasos sangüíneos. Hoje, me permito escrever ébrio, sem os filtros habituais dos sóbrios, que aniquilam tantos versos, tantas poesias, tantas cores, tantos amores, tanto do tudo que nos coloca paixões nas veias. Hoje, eu preciso de poesia, de lágrimas, de risos escandalosos também, me mostrando que há pulsão suficiente pra eu me sentir vivo, tão mais vivo do que já me senti.

E por me permitir essa vida, me permito também dizer o que dela me vem naturalmente, sem me cercear, na beleza do que ouço agora (Depende, cantada por Amelinha e Fagner), na pureza das coisas que sinto, das coisas que desejo que repousem sobre mim.

Sabores dos mais deliciosamente apaixonantes. Eu me sinto exalando a tão interminável profundidade de ser/ter felicidade esborrando pelos poros. Eu tenho meus amigos, meus queridos amigos. Minha música, que também são eles e deles. As pessoas que estão por aqui me soam como música. Essas pessoas são música. E músicas. E singulares/plurais percepções do tudo à minha volta.

Nos últimos dias, mais do que nunca, desfrutei de uma intensidade nunca antes degustada. É na medida dessa intensidade (ou além dela) que as coisas se colocavam; e mais vida se pretendia. E, no final das contas, mais corpo, alma, coração e vigor se exigia. E isso, no final das contas, exige muito do físico de um ser humano. Só que, dentro desse contexto, dessa vivência única, a alma, em si, recebe um upgrade formidável. E sabe por quê? Porque ela recebe estímulos a todos os momentos. As artes te cercam por todos os lados. As emoções te remexem a todos os momentos. As paixões (efêmeras, por certo; ou até aquelas mais cheias de durabilidade) são uma constante. Essas são as motivações mais belas (e ao mesmo tempo ambíguas) que se podem ter nesses dias vividos dentro de uma outra esfera de realidade, dentro de um outro contexto, onde tudo está exacerbado. E é nessa realidade (tão fulgaz, mas intensamente verdadeira) que a vida cobre-se de tão instigante lidar, de tão instigante ser/perceber/sentir, e que qualquer coisa que se faça nesse ínterim (seja o mais sublime gesto de carinho até a mais idiota atitude louca e bêbada) vale a pena.

Amo.

Amo do maior tamanho das pequenas coisas. E da maior de todas elas também. Mas me instigo em falar muito mais sobre a intensidade dessas pequenas coisas. Sabe por quê? Pois elas, aparentemente, nos dão uma conotação de muito simplismo, quando, na realidade, mesmo sendo pequeninas, estão cheias de sua mais essencial totalidade.. isso, quando digo que amo do amor do maior tamanho delas. A totalidade está aí, muito além da superfície das coisas que são apenas resquícios. E eu continuo sem ter medo de coisa alguma. Amo na totalidade sempre. Sejam as coisas pequeninas, simples. E sejam elas mesmas as mais grandiosas. O que importa é viver no cerne do afeto. Do mais puro amor.

Hoje, eu quero falar sobre tudo isso, sobre os amores, sobre a delícia de se viver.

E eu digo: tenho muito mais paixão pela forma poética como podemos enxergar, perceber e conduzir a vida. Ela só vale a pena se formo, repito, no cerne do que dela podemos sugar ao máximo, sem dó nem piedade. Até porque o que encontramos quando mergulhamos nela desaforadamente somos nós mesmos, despidos de qualquer amarra, unicamente embebidos em suor e suavidade.

Tenhamos em nossas vidas objetivos a serem alcançados. Mais exatamente aqueles que nunca conseguiremos alcançar; pelos quais travaremos uma luta cega, apaixonada. Pois esses objetivos nos levarão, sem que percebamos, a lugares muito mais íntimos e amplos do que poderíamos chegar a imaginar sobre nós mesmos.Esses caminhos inatingíveis nos dão cada vez mais força a ir além. E eu quero colocar toda a minha força de existência, todo o meu amor e minha vida no caminho dessa busca. Estarei eu lá, mergulhado, voltando ao início de tudo o que disse: sendo mais do que a vida me permite ser.

Entendem?

Lembro-me de Jomard agora: não digam “amém, amém, amém”. [...] digam “AMEM, AMEM, AMEM”