19 maio 2008

a estrutura da poesia descosturada


em que se insere o acaso?
no ritmo e no afinco da teoria do duro trabalho?
ou na escrita espontânea da livre poesia?
e, assim, os mitos dessa escrita sem inspiração, tão somente mera e mecânica caligrafia,
resistem em sua incólume nobreza,
à pobre e nefasta disritmia dos signos,
da livre ortografia
& da possível, quem diria, não tão bem forjada poesia.

a arte se dilui em sua pouca assimilação,
intacta,
indagada e proferida sem ritos ou profanações;
o imperceptível não possui formato,
e, achado entre escombros, permite-se desmembrar
em cada pensamento e movimento.
; à sua divisão desarticulada
, em que o limitador da palavra se sobrepõe aos seus próprios quereres,
e monta vertigens isoladamente convencionais,
a carta indefinível,
a gráfica inatingível.

o perfeito recurso de persuasão
soma-se à cotidiana simbologia,
adquire a coesão das literárias partituras
e abrevia o tom da rebeldia;
nenhuma renúncia, porém,
& vanguardas incorporam-se à tipografia lenta e mordaz,
comunica-se fragmentariamente e condensa-se ao pôr-do-sol;
substantivada, a fibra se desestabiliza,
interpolada visualmente em suas regentes vanguardas,
capta o discurso lingüístico expandido
e inventa sem explicar.

redigida sem conversão
o novíssimo, menor que é, lhe intui ao prefácio
entreposta, esquartejada sobre suas próprias escalas;
decidir-se pela veemência lhe cansa as vistas
como se a razão do fingir/deglutir fizesse dela menos bela
e, da primeira à última letra, suas rimas se engolem e desvirtuam,
convertidas em suposições obstinadas, porém, sem cifras lógicas;
o diálogo é tão breve que a textura se esconde em seus próprios meandros;
& as entrelinhas, contanto, fazem parte do organismo da poesia
e, pedantemente, são grafadas de inútil forma por serem daninhas
e contaminar todas as letras, sem misericórdia, e sintetizá-las em sua própria língua

[o hábito: dissolução da provável matéria e subversão do seu próprio verbete, sem que as geometrias proverbiais se mostrem inconclusas, dando ao rodapé da última página o gosto e o deleite do iniciar a leitura sem nenhum dano óptico ou espiritual] provocar a estação, onde o abandono ascende à presença da vida e flui sem amarras;
coordenar o som das palavras e juntá-las, sem qualquer harmonia,
a textualização dos pormenores e a inserção dos olhos dos outros ao rever as condutas e etiquetas,
onde se possa constatar que a estrutura da poesia descosturada
é digitar dentro/fora de si próprio
o que as próprias palavras nunca saberão dizer.

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