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30 julho 2008

amo

Eu ainda consigo ter forças pra ser muito mais do que a vida me permite ser, mesmo que muitos seres nesse mundo quase que inanimado se esforcem pra me dizer que não, que não serei nada além do que se convencionalmente permite. As convenções estão aí, pra serem colocadas. Eu nasci pra desobedecê-las. Por isso, ainda teimo em ser mais. Muito mais, muito além. Acho que ganhei liberdade pra isso. A vida me deu essa liberdade.

É isso. Às 3h57 começando a escrever isso, completamente cheio de Martini circulando pelos vasos sangüíneos. Hoje, me permito escrever ébrio, sem os filtros habituais dos sóbrios, que aniquilam tantos versos, tantas poesias, tantas cores, tantos amores, tanto do tudo que nos coloca paixões nas veias. Hoje, eu preciso de poesia, de lágrimas, de risos escandalosos também, me mostrando que há pulsão suficiente pra eu me sentir vivo, tão mais vivo do que já me senti.

E por me permitir essa vida, me permito também dizer o que dela me vem naturalmente, sem me cercear, na beleza do que ouço agora (Depende, cantada por Amelinha e Fagner), na pureza das coisas que sinto, das coisas que desejo que repousem sobre mim.

Sabores dos mais deliciosamente apaixonantes. Eu me sinto exalando a tão interminável profundidade de ser/ter felicidade esborrando pelos poros. Eu tenho meus amigos, meus queridos amigos. Minha música, que também são eles e deles. As pessoas que estão por aqui me soam como música. Essas pessoas são música. E músicas. E singulares/plurais percepções do tudo à minha volta.

Nos últimos dias, mais do que nunca, desfrutei de uma intensidade nunca antes degustada. É na medida dessa intensidade (ou além dela) que as coisas se colocavam; e mais vida se pretendia. E, no final das contas, mais corpo, alma, coração e vigor se exigia. E isso, no final das contas, exige muito do físico de um ser humano. Só que, dentro desse contexto, dessa vivência única, a alma, em si, recebe um upgrade formidável. E sabe por quê? Porque ela recebe estímulos a todos os momentos. As artes te cercam por todos os lados. As emoções te remexem a todos os momentos. As paixões (efêmeras, por certo; ou até aquelas mais cheias de durabilidade) são uma constante. Essas são as motivações mais belas (e ao mesmo tempo ambíguas) que se podem ter nesses dias vividos dentro de uma outra esfera de realidade, dentro de um outro contexto, onde tudo está exacerbado. E é nessa realidade (tão fulgaz, mas intensamente verdadeira) que a vida cobre-se de tão instigante lidar, de tão instigante ser/perceber/sentir, e que qualquer coisa que se faça nesse ínterim (seja o mais sublime gesto de carinho até a mais idiota atitude louca e bêbada) vale a pena.

Amo.

Amo do maior tamanho das pequenas coisas. E da maior de todas elas também. Mas me instigo em falar muito mais sobre a intensidade dessas pequenas coisas. Sabe por quê? Pois elas, aparentemente, nos dão uma conotação de muito simplismo, quando, na realidade, mesmo sendo pequeninas, estão cheias de sua mais essencial totalidade.. isso, quando digo que amo do amor do maior tamanho delas. A totalidade está aí, muito além da superfície das coisas que são apenas resquícios. E eu continuo sem ter medo de coisa alguma. Amo na totalidade sempre. Sejam as coisas pequeninas, simples. E sejam elas mesmas as mais grandiosas. O que importa é viver no cerne do afeto. Do mais puro amor.

Hoje, eu quero falar sobre tudo isso, sobre os amores, sobre a delícia de se viver.

E eu digo: tenho muito mais paixão pela forma poética como podemos enxergar, perceber e conduzir a vida. Ela só vale a pena se formo, repito, no cerne do que dela podemos sugar ao máximo, sem dó nem piedade. Até porque o que encontramos quando mergulhamos nela desaforadamente somos nós mesmos, despidos de qualquer amarra, unicamente embebidos em suor e suavidade.

Tenhamos em nossas vidas objetivos a serem alcançados. Mais exatamente aqueles que nunca conseguiremos alcançar; pelos quais travaremos uma luta cega, apaixonada. Pois esses objetivos nos levarão, sem que percebamos, a lugares muito mais íntimos e amplos do que poderíamos chegar a imaginar sobre nós mesmos.Esses caminhos inatingíveis nos dão cada vez mais força a ir além. E eu quero colocar toda a minha força de existência, todo o meu amor e minha vida no caminho dessa busca. Estarei eu lá, mergulhado, voltando ao início de tudo o que disse: sendo mais do que a vida me permite ser.

Entendem?

Lembro-me de Jomard agora: não digam “amém, amém, amém”. [...] digam “AMEM, AMEM, AMEM”

25 abril 2007

coração nas nuvens.



Passei algumas semanas ausente da caixinha. Isso se deve ao turbilhão de vida que me atravessou nesses dias de Sol e chuva. O coração anda cheio de ternura. Entre goles de cerveja, sorrisos, brincadeiras, afinidade tamanha, milhares e milhões de sensações, tão belas e acolhedoras, o mundo me foi muito mais intenso e vivo em 24 horas (que se repetiram e vêm se repetindo por mais algumas outras horas e contatos sempre felizes) do que em grande parte de minha vida. Estou formando família nova (leofelmelecéu), com pessoas que me chegaram, me tocaram, me sorriram, me aceitaram, e que me querem assim como eu as quero. Muito, muito, muito intensamente. A sensação de vida foi tão forte, tão densa, que me exauriu um pouquinho. Começo agora a absorver e a entender de forma menos frenética, pouco a pouco, o significado de tudo isso, a beleza que nisso tudo reside. E quando eu digo que o coração está nas nuvens (vide o título de hoje), é porque ele está sim, tomado de assalto, nas nuvens de um céu estrelado do Oriente, tão zen céu, tão bonito. Esse céu me desperta ternura, poesia, alegria e sorrisos. E eu quero voar.

Disponibilizo hoje, para baixar, canção do Devendra Banhart, chamada Owl Eyes. A letra é meio estranha, mas a música em si, a sensação que as harmonias, melodias e a sensibilidade que elas me passam traduzem bem como me sinto. É ouvir e sentir, deixar-se flutuar.

link: http://rapidshare.com/files/27947187/Devendra_Banhart_-_14_-_Owl_Eyes.mp3.html

...

Nas últimas semanas têm rolado as gravações de uma das minhas bandas, Ínsula. Hoje mesmo foi dia. Apesar da correria que foi pra se organizar, com pouquíssimo tempo pra se trabalhar as músicas (pois essas gravações caíram do céu pra nós, porém com prazo curtíssimo pra se cumprir), as músicas estão ficando muito, muito bonitas. Estamos em meio a percussões minhas, vozes e violões do meu fiel companheiro de música, poesia, vida e boemia, Juliano Muta; passeando por trompetes e cavaquinhos de Demóstenes Júnior (ou Macaco, para os chegados) e por uns cellos garbosos e encorpados de Luís Carlos Ribeiro, também nosso companheiro nessa empreitada.




É o processo sensível e intuitivo da alma do artista, que nessa horas se mostra muito, e muito mesmo, arquiteto da sua emoção. A construção de uma música, o encaixe das suas células de forma belamente agradável aos ouvidos e ao coração, requer um minucioso trabalho de observação constantes, de atenção redobrada, mas também de uma intensa entrega às sensações, aos sentidos que cada música lhe causa e por qual caminho ela te guia para seguir. Afinal de contas, é isso que ocorre: não é você quem guia pra onde música vai. É ela quem te conduz, é ela quem te faz deduzir por onde ela própria quer ir.

Hoje, tivemos duas presenças agradáveis e talentosas no estúdio. Gravando conosco, o baterista Lucas Araújo (Parafusa, Dibonton, SambaFino Groove e outros milhares de projetos). Sempre muito inteligente, sagaz e preciso, Lucas foi apresentado às músicas hoje, e hoje mesmo já as gravou, com uma maestria e tranqüilidade dignas de um excelente músico. A outra presença foi de Yuri Pimentel (Comuna), que veio conhecer uma das músicas em que irá participar, tocando baixo. Tenho certeza de que será outra participação impecável.

Têm sido um pouco trabalhoso e cansativo (pelo atropelo do exíguo tempo de que dispomos). Porém, tem sido, sim, de uma satisfação e felicidade que ninguém faz idéia. Já estou bastante ansioso pelo resultado final, mas o processo de gravação em si é magnífico, estimulante. Sentia muita falta disso.

Fiquem ligados: podem aguardar mais notícias sobre a Ínsula, que, em breve, estará dando as caras por aí.

...

A caixinha também é serviço de utilidade pública. E venho aqui fazer uma divulgação mais do que justa de algo que merece E DEVE ter toda a nossa atenção.

O incentivo à leitura é uma das coisas mais válidas e coerentes nos dias de hoje e num país como o Brasil, onde o número de iletrados ainda é imenso. Portanto, divulguemos e também acessemos o site
www.dominiopublico.gov.br, disponibilizado pelo Ministério da Educação. Lá, pode se baixar GRATUITAMENTE milhares de obras em livros, nas mais diversas línguas, dos mais diversos autores e das mais diversas searas (filosofia, artes, poesia, política, romances, comunicação, matemática, astronomia, etc). No site, se encontram clássicos (e também os “não-clássicos”) de nomes nacionais e internacionais como Platão, Fernando Pessoa, Marx, Machado de Assis, entre outros, muuuuitos outros.

Além do acervo literário, há também arquivos de áudio, vídeo e software. Tudo disponibilizado, repito, GRATUITAMENTE.

Porém, o site corre o risco de sair do ar, por causa do ínfimo número de acessos. Portanto, tentemos reverter essa situação, divulgando essa maravilhosa fonte de conhecimento para amigos, conhecidos, parentes, colegas (além de também fazermos usufruto dela). Como em nosso país ainda não há o costume de se estimular a buscar pelo saber (que, sem dúvida alguma, é o que realmente amplia a percepção do mundo que nos cerca e nos torna cidadãos muito mais conscientes e atuantes) e nem de se divulgar sites como esse, que fazem a sua parte, disponibilizando tamanho acervo dessa natureza, então que o façamos nós. Passem essa mensagem pra frente, divulguem, acessem. Passando essa informação pra frente já é um grande passo de cidadania que nós estaremos dando.

No mais, boa leitura.

...

vem chegando por aí. Caetano Veloso vem chegando por aí. E a fila AE do Teatro Guararapes espera por mim.

(ouvindo Owl Eyes, by Devendra Banhart).

03 dezembro 2006

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"pois eu estou aqui.. sou esse ar que você vai respirar.. " (Nando Reis)


eu hoje sou um pobre moço. arrefecendo, se esvaindo. a cada sílaba do que digo, transbordando de ternura, e de um amor tímido, porém gigante; mas tendo que derramar toda a água fora, tudo o que sinto pelas pessoas; na fugacidade delas me perco, me desagrego, me desconstruo. causa-me profunda infelicidade perceber que não se pode sentir, que não se pode deixar-se sentir. será que é pecado fazê-lo (o sentir)? ousá-lo (o sentir)? será que é pecado deixá-lo (o sentir) passear pela pele, pela alma, por todas as possibilidades de estar feliz quando se está com alguém? há algo de errado nisso? não quero apenas minutos, ou algumas simples horas de trocas de beijos e carícias, conseqüências de apenas “um clima”. não quero ter que sempre ouvir isso. o mesmo discurso vazio de sentido, efêmero. não quero que sejamos atores de histórias fugazes, de relações descartáveis. queria que o término de um dia não fosse, simplesmente, o fim das coisas. queria que os pálidos sorrisos de mera simpatia não fossem apenas inevitável opção de reencontro forçado, quando, na realidade, o reencontro deveria ser sempre um recomeço de tudo, uma nova busca pelo outro, e não uma premeditada distância, por medo, por egoísmo, por incapacidade de amor, por racionalidade exacerbada. não queria ter que desencontrar os olhos, fingir solidez, frieza, austeridade.. e eu pergunto: qual o erro que existe em estar-se pleno e deixar-se sentir? será que há algo de errado em demonstrar o que se quer, se sente, se deseja e se tem vontade? por que coisas tão puras, tão simples, tão belas, devem ser omitidas, como forma de demonstrar uma falsa segurança, apenas por uma artimanha como parte de um jogo estúpido, idiota, que não diz respeito a nada do que eu procuro? por que as pessoas se escondem atrás de um muro instransponível de insensibilidade? quero, sim, sentir, encantar-me, apaixonar-me, amar, desejar, isso tudo sem medidas e sem medo de dizê-lo, de mostrá-lo ou fazê-lo, e sem ter que me adequar a jogos. quero poder abraçar.


o que há de errado comigo? estou cansado de sempre ter que ser saboreado como um deleite de um dia qualquer, tão mundano e efêmero. não quero ter que mendigar atenção, mas não quero também ter que mostrar uma força viril apenas para impressionar ou mostrar-me dono de uma situação. que danem-se todas essas regras. não quero banalizar isso. não quero banalizar esse jogo medíocre da mera conquista estimulada pela agitação dos ferormônios por um patético acaso da sorte ou pela possibilidade de ter que “me dar bem hoje, pelo menos hoje”. sinto uma revolta (e uma decepção enorme) em ver o quanto temos que aprender a nos adestrar, a nos adequar a isso. eu não me acostumo com essas regras espúrias desse jogo. e isso é um jogo? pois, no jogo, para um ganhar, outro deve perder. isso é justo? é justo ter perdedores? é justo cada ostentar para si mesmo tamanha vaidade de, no jogo da conquista, ter sempre que se sair bem? quanta tristeza há nisso. quantos corações se machucam quando seria muito mais fácil deixar-se tocar o rosto, tocar a alma. minha doçura se esfacela, perde o fôlego, não mais se sustenta. ela é, para grande maioria dos jogadores, uma idiotice sem cabimento, uma empolgação desmedida e insensata. se sou insensato por sentir plenamente (pois só assim acredito que a vida vale a pena) e dar-me o direito de viver isso, de me entregar como ser humano que sou, que essa minha insensatez faça sempre parte do cardápio de todo o dia, que seja saboroso, que agrade ao paladar de quem quiser, junto comigo, também se lambuzar do mel da vida, de arriscar-se, de se jogar afoitamente na tara do amor, da paixão, dos encantamentos, dos afetos. pois tudo isso é vida, é amor, é paixão, é encantamento, é afeto, não apenas um jogo. isso é vida.

ando vivendo emoções demais ao mesmo tempo. desculpem-me.

31 outubro 2006

Aonde estão as flores da sua cabeça?


Esse título (apesar do pequeno equívoco, pois o correto seria “onde”.. mas vá lá.. licença poética pra tudo nesse mundo) é de uma música chamada As Flores, composição de Ortinho e Lula Côrtes (dois doidões de plantão), que está no disco Somos, do Ortinho. Ela embelezou minha madrugada de ontem/hoje ao chegar do jantar da casa de Filipe BB (o moço “verbete-mamute”).

Eu já tinha ouvido a canção certa vez no Abril Pro Rock do ano passado, numa versão bem rock’n’roll, cantada por Daniel Belleza & os Corações em Fúria (uma das pouquíssimas bandas que me agrada em relação ao rock brasileiro de hoje em dia), com participação do supracitado Ortinho, num modelito impagável e numa performance bárbara. Quem viu, viu. Aliás, essa música também foi gravada pelo próprio Daniel Belleza.

Essa versão cantada por Ortinho é suave (apesar da aspereza da voz do cidadão), repleta de uma lúdica sensação, tão poética como um belíssimo arranjo de flores sobre sua mesa (ou mesmo sobre sua cabeça). Um arranjo simples (e por isso bastante bonito), com violão, bandolim, flauta, etc e tal. Apesar de a letra parecer denotar uma aparente tristeza, me parece bem viva, de natureza sutil e sorridente. Portanto, peço a todos que nunca esqueçam, por favor, de regar as tão belas flores de suas cabeças.

Quem quiser baixar a música, clica nesse link aqui: http://rapidshare.com/files/1464291/08._Ortinho_-_As_Flores.mp3.html

(instruções: ao abrir a janela, desça um pouco a tela, clique em "Free" - que estará no canto inferior direito de uma tabela - , depois que abrir outra janela, começará uma contagem regressiva; ao término dessa contagem, aparecerá um código de três caracteres, para confirmar o download. É só digitar o código, e mandar ver; escolher o lugar pra salvar a música e pronto. Basta aguardar a conclusão do download).

Aí vai a letra:

AS FLORES
Ortinho/Lula Côrtes

Aonde estão as flores
Da sua cabeça?

Murcharam, secaram
Só restaram os caules e espinhos
Ressecados de tristeza

Estão em qualquer vaso
Jogado, rachado, quebrado
Enfeitando qualquer mesa

Estão nos arranjos
Mandados, estão estampadas
Na blusa que você me deu

E lá permanecem bem vivas
E tão coloridas
Só que você esqueceu

...

A 85% de sexo. Lascívia. Tesão. Libido. Vontade. Desejo. Paixão.

Ando explodindo muito de tudo isso. Por quem? (alguém pode perguntar, creio eu). E respondo: apenas pela vida (se é que alguém esperava por uma resposta menos abstrata). Ouvindo a música supracitada e me vendo hoje em dia (no meio de um turbilhão de emoções, sensações, mudanças) é como se eu quisesse ver todas essas flores, com uma vontade intensa de tocá-las, todas, cheirá-las, espalhá-las pelas ruas e costurá-las em todas as minha roupas. As flores de hoje em dia estão secando (queixa antiga minha). Eu não caibo mais em mim. Sentir demais pode se tornar perigoso. E na impossibilidade de atingir um grau de emoção tão intenso o quanto desejo (por “n” fatores “humanos”), passo a aderir ao freqüente entorpecimento (via substâncias insólitas). Isso às vezes chega a me dar ápices e picos de sensações magníficas, como ver, cheirar, sentir e ouvir tudo muito mais amplo e mais próximo a (ou dentro de) mim. Vontade de abraçar o mundo.

Nas duas últimas semanas isso foi bem intenso. Tanto que o organismo pediu arrego algumas vezes. Mas na última sexta foi muito bom, interessante (apesar do início de uma sensação fortemente depressiva no dia seguinte). Um show de Nando Reis, resolvido de última hora (e que sempre acho fantástico, muito alto astral), e em boas companhias: meu primo Fábio (que também resolveu ir nos 45 minutos do 2.º tempo), Luciana (muito lindo vê-la) e Carol Alvim (ambas ex-companheiras de faculdade). Depois dos shows, ida ao Garagem (reduto “pseudo-cóco-punk-indie-chic” de Recife). E vendo mais gente por lá: Juliano Muta, Júnior Aguiar (depois de ver essa duas figuras, eu creio piamente que a arte e a beleza da arte estão impregnadas e espalhadas por todos os cantos dessa cidade, até mesmo no Garagem, purificando-o de visceralidade, pois isso é preciso).

POR FALAR NISSO: Quero aqui fazer uma campanha para localizar uma pessoa. Durante o intervalo dos shows de Nando Reis e Cheiro de Amor (nem me crucifiquem os “intelectuóides”.. hahahahaha.. até porque eu já estava tão louco nesse show que nem prestei atenção.. só lembro que tinha muita gente tocando no palco..).. mas voltando: no intervalo entre esses shows, surgiu uma moça que veio me cumprimentar por este blog que vocês estão a ler nesse momento. Ela me falou que descobriu o blog por intermédio de alguém que eu conheço (mas não lembro o nome da pessoa que ela falou). Ela elogiou e tal (Luciana até brincou comigo, disse que era uma “fã” minha e tal). Gostaria muito de localizar essa cidadã, para poder trocar idéias (não me levem a mal, por favor.. ando precisando entrar em contato com os seres humanos, com mais deles..). Então, se a própria estiver lendo isso aqui, se identifique, deixe algum contato (me perdoa, moça.. eu estava tão louco que nem lembro o nome nem nada.. ).. ou se alguém tiver conhecimento de quem ela é, me avisa.

DETALHE: Continuarei essa campanha de busca a cada post meu ou até que eu me canse de fazê-lo.. hahahahahahaha..

E eu continuo a perguntar: Aonde estão as flores de vossas cabeças?

(ouvindo As Flores, by Ortinho).

23 outubro 2006

Quanto amor... quanta dor...

"deixe-me dizer, com o risco de parecer ridículo, que todo revolucionário é movido por grandes sentimentos de amor " (Che Guevara)

Apaixono-me pelo que há lá dentro das pessoas...
Pela menor partícula de coisas lindas que nelas possam habitar...
Pela sutil camada de beleza delas (mesmo que tragada, esquartejada, jogada às traças, pelos seu próprios possuidores, por medo, indecisão, defesa ou mesmo desamor)...
Pelas suas palavras, pelos seus gestos, que fazem voltas, giram, rodopiam,
Desenham no vento, exalam perfumes, me absorvem
Apaixono-me pelas pessoas de forma a querer tudo e mais um pouco
Não me contentando com migalhas, com pequeníssimas coisículas
Seus sorrisos me seduzem, abraços e toques me deixam em pleno êxtase
Vivas! Vivas! Vivas!
Tudo assim, pipocando dentro do peito, latejando, ardendo
Queimando, se espalhando, da cabeça aos pés, do corpo à alma
E não precisa de muito tempo... o estalo é repentino...
Chega, se instala e se debate, de inquietude e ansiedade
Em mim é certeiro, violento, agressivo, visceral
Toma-me de rompantes, de poesia querendo se lançar, se jogar,
Sem medir conseqüências, querendo apenas externar-se
Desejo profundo, íntimo, terno, amoroso
Pra mim, é tudo muito normal
Mas o mundo está se esvaziando disso
Perdendo a respiração, o fôlego, não inflama mais
As pessoas estão ficando em preto-e-branco-e-cinza
E o vazio vai tomando forma
Forma de absolutamente tudo, preenchido por uma imensidão de nada
Fui aprendendo aos poucos, aos pouquinhos...
Fui sendo catequizado, devagarzinho, a habitar nesse mundo de sentimentos pequeninos
De gente miúda, que não rima, que não se destina, que se enche de empáfia
Que age agressivamente com a vida, que não ama, que não vê em nada a poesia
Parte de uma funcionalidade anestésica,
Que só tem como função primordial manter o ritmo da máquina
A máquina fria, objetiva, incisiva, pragmática
Eu quero mais é me arriscar, é a vida inteira,
Lambuzar-me completamente do seu mel, e do seu féu
Intervir em suas possibilidades, coexistir em todas elas
Só assim a vida vale a pena
Porém, sinto-me vítima de um certo deslocamento temporal da sensibilidade que trago em mim, na sua relação com os outros
Essa minha urgência em viver, essa minha vontade de tê-la por inteiro, a vida
Acaba me colocando em desaviso a respeito das malícias humanas,
Mesmo das malícias naturais, ingênuas, involuntárias
Mas, mesmo assim, malícias
Dessas que te deixam só, chorando ao ir dormir,
Encharcando o travesseiro...
O tanto que isso já me foi comum,
Amargor sem fim, que vai possuindo a alma, o coração
E mesmo tendo como vontade imperativa o amar,
O “desamar”, o desrespeito à condição humana desfere golpes violentos
Consolida marcas, cicatrizes horrendas,
E vai corroendo devagarzinho cada milímetro do que ainda resiste
Como forma essencial de amor...
O mundo está se esvaziando,
as pessoas também
E isso dói.

09 outubro 2006

Transfigurações, borogodás & outras idiossincrasias mais.

Eu sou rebelde porque o mundo quis assim. Porque nunca me trataram com amor. E as pessoas se fecharam para mim.. ” (homenagem à minha indumentária da sexta-feira retrasada (29/09) – ver foto estranha abaixo).

Transfigurem todos. Todos merecem. Show de Cordel do Fogo Encantado, realizado na última sexta-feira (06/10), no Clube Português. Fui só. Sozinho. Tomei minhas duas garrafinhas de vinho lá na frente, tranqüilamente. Encontrei o louco do Jairo e o Walter Maymone. Mas acabei me separando deles. Entrei sozinho no show e continuei até o final (não encontrei mais ninguém). Mas acreditem: me diverti muitíssimo!!! Fiquei que nem um louco, sozinho, pulando, vibrando e muito ao som dos moços de Arcoverde, tentando entrar na roda de pogo, levando sopro de uma moça lá. Pessoas.. entendam bem: assistir a um show de Cordel é uma experiência incrível, não só pela banda em si, mas por tudo que você pode observar como sendo resultado da troca de energia entre eles e o público. É uma catarse das mais lindas que existe. E a confirmação de que o poder de hipnose e libertação da alma que o grupo exerce sobre a platéia vai tomando cada vez proporções maiores. Além do que o grupo tem uma energia incrível, seja pela força de sua percussão, seja pela coesão dos seus arranjos, pela dramaticidade cênica e carisma (sorriso infantil e sincero) do vocalista Lirinha. Tudo tem uma força inimaginável, surpreendente. Alma lavada e transfigurada em mil & uma coisas afins.

Mais um dia de diversão neste final de semana. Sábado (07/10) foi dia de Cinema, Praia e Futebol, com Sir. ROSSI e Del Rey. Essa dobradinha de majestades (Reginaldo Rossi e Roberto Carlos, via Silvério Pessoa e Mombojó + China) vem arrebanhando cada vez mais súditos fiéis.

As portas do Mercado Eufrásio Barbosa (onde aconteceu a festa) demoraram a se abrir, provocando um congestionamento de pessoas e respirações na frente do local. Já estava começando a ficar impraticável transitar por ali (ou até nem mesmo transitar, mas apenas ficar parado) tamanha era quantidade de gente que se espremia, na mais autêntica manifestação de “calor humano”.
Abertas as portas, fila. Fila para entrar. Brasileiros dão um jeito de furá-la (ups! Eu fui um deles). Lá dentro, outra fila. Fila para comprar a fichinha para beber cerveja. Brasileiros dão um jeito de chegar na frente, sem passar pelo suplício dessa fila (mais uma vez, Vila Nova está lá). Tudo isso, para conseguir uma cerveja por R$ 0,50 a menos. Ainda consegui sair no lucro. Só que na presença dessa fila brochante, minha noite foi regada a apenas uma cerveja (perdão.. alguns goles mais surgiram no decorrer da noite.. mas foram poucos).

Show de Sir. ROSSI é sempre aquele clima de gréia, diversão e alto astral. Momentos altos: “dizem que o seu coração voa mais que avião, dizem que o seu amor só tem gosto de féu, vai trair o marido em plena lua-de-mel” (desculpa, mas esqueci o nome da música), ou Garçom, ambas com toda a platéia cantando em coro. Além de Leviana, com um convidado, que subiu ao palco e foi cantar junto com a banda. Meu Deeeeus, quem era o convidado? Imaginem só, era Vila Nova!!! Tudo invenção de Yuri Queiroga (quer dizer, Asdrúbal Chué), que me chamou ao palco. Eu imaginei que isso poderia acontecer (ele me alertou antes sobre isso), e, prevenido que sou, levei a letrinha da música, pra cantar lá. Foi um momento cômico, todo mundo riu muito, principalmente o pessoal dos metais, riram com as expressões corporais que elaborei de improviso para a música (detalhe: fiquei cantando escondidinho, lá atrás). Isto feito, recebi um convite de Silvério (ou de Gaiman.. sei lá mais quem era naquele momento) pra ir ao ensaio, cantar a música com eles lá. Será? Será mais uma dobradinha de LUCIANO MAGNO (nome artístico de “cafajeste pop” que inventaram pra mim na hora) e Sir. ROSSI?

Rapaz.. juro a vocês.. Del Rey tocou, tocou, tocou, tocou.. mas eu nem acompanhei.. o aperto era geral, não conseguia respirar direito. Marmanjos de plantão, prestem bem atenção: sempre, sempre, sempre agradeçam aos meninos do Del Rey pela beleza dessas festas. Nunca vi tanta mulher bonita junta. As menininhas descoladas vão todas lá, gritar histericamente ao ver China (com aquela franjinha estranha) rebolar e fazer “miaaaau” em Negro Gato. Interessantíssimo. Novíssimo isso.


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Eu ando meio fora de sintonia com coisas e pessoas. Passei nos últimos dias por uma fase de me apegar às pequeníssimas coisas, a gestos, a palavras. Um apego emocional, amoroso, sentimental, uma euforia desmedida, um circular invariável e assimétrico de sensações por todos os meus poros e pela minha alma. Às vezes, sensações como essas podem nos encher de ternura, de encantamento. As pessoas nos despertam isso (mesmo sem querer). Mas, ao mesmo tempo, essas sensações podem nos causar um certo desconforto, uma sensação de idiotice, de tristeza e de engano quando nos deparamos com a possibilidade (e o fato concreto) de que era tudo uma simples ilusão, um meter os pés pelas mãos, um arriscar-se na medida mais improvável da distância e da anti-poesia, quando o mundo real nos diz “não”. Eu quero apenas a beleza dessas palavras, desses gestos, das conversas, do afeto, nada a pedir, a não ser isso. E também uma sinceridade do tamanho de tudo. Não pensemos em mais nada além disso, viu?

Um mundo cinza se cristaliza ao meu redor.