23 outubro 2006

Quanto amor... quanta dor...

"deixe-me dizer, com o risco de parecer ridículo, que todo revolucionário é movido por grandes sentimentos de amor " (Che Guevara)

Apaixono-me pelo que há lá dentro das pessoas...
Pela menor partícula de coisas lindas que nelas possam habitar...
Pela sutil camada de beleza delas (mesmo que tragada, esquartejada, jogada às traças, pelos seu próprios possuidores, por medo, indecisão, defesa ou mesmo desamor)...
Pelas suas palavras, pelos seus gestos, que fazem voltas, giram, rodopiam,
Desenham no vento, exalam perfumes, me absorvem
Apaixono-me pelas pessoas de forma a querer tudo e mais um pouco
Não me contentando com migalhas, com pequeníssimas coisículas
Seus sorrisos me seduzem, abraços e toques me deixam em pleno êxtase
Vivas! Vivas! Vivas!
Tudo assim, pipocando dentro do peito, latejando, ardendo
Queimando, se espalhando, da cabeça aos pés, do corpo à alma
E não precisa de muito tempo... o estalo é repentino...
Chega, se instala e se debate, de inquietude e ansiedade
Em mim é certeiro, violento, agressivo, visceral
Toma-me de rompantes, de poesia querendo se lançar, se jogar,
Sem medir conseqüências, querendo apenas externar-se
Desejo profundo, íntimo, terno, amoroso
Pra mim, é tudo muito normal
Mas o mundo está se esvaziando disso
Perdendo a respiração, o fôlego, não inflama mais
As pessoas estão ficando em preto-e-branco-e-cinza
E o vazio vai tomando forma
Forma de absolutamente tudo, preenchido por uma imensidão de nada
Fui aprendendo aos poucos, aos pouquinhos...
Fui sendo catequizado, devagarzinho, a habitar nesse mundo de sentimentos pequeninos
De gente miúda, que não rima, que não se destina, que se enche de empáfia
Que age agressivamente com a vida, que não ama, que não vê em nada a poesia
Parte de uma funcionalidade anestésica,
Que só tem como função primordial manter o ritmo da máquina
A máquina fria, objetiva, incisiva, pragmática
Eu quero mais é me arriscar, é a vida inteira,
Lambuzar-me completamente do seu mel, e do seu féu
Intervir em suas possibilidades, coexistir em todas elas
Só assim a vida vale a pena
Porém, sinto-me vítima de um certo deslocamento temporal da sensibilidade que trago em mim, na sua relação com os outros
Essa minha urgência em viver, essa minha vontade de tê-la por inteiro, a vida
Acaba me colocando em desaviso a respeito das malícias humanas,
Mesmo das malícias naturais, ingênuas, involuntárias
Mas, mesmo assim, malícias
Dessas que te deixam só, chorando ao ir dormir,
Encharcando o travesseiro...
O tanto que isso já me foi comum,
Amargor sem fim, que vai possuindo a alma, o coração
E mesmo tendo como vontade imperativa o amar,
O “desamar”, o desrespeito à condição humana desfere golpes violentos
Consolida marcas, cicatrizes horrendas,
E vai corroendo devagarzinho cada milímetro do que ainda resiste
Como forma essencial de amor...
O mundo está se esvaziando,
as pessoas também
E isso dói.

5 comentários:

Anônimo disse...

Nossa Leo,que texto lindo!!
estou até sem palavras pra descrever o que senti qnd li!!

beijosss

Roberta Virgínia.

Anônimo disse...

ainda to no comecinho do texto, mas como já to saindo da nete, digo por antecipação q to adorando, se daqui pro final não gostar depois te digo =)

=***

Daniel Vilarouca disse...

Eu digo sempre e continuo me educando para tanto, nunca esperar muita coisa em troca de meus atos. As vezes fico meio desacreditado de algumas coisas, até mesmo desiludico. Porém, sempre fica aquele fiozinho de esperança, já que ela é a última que morre!

O fiozinho que a gente esperar um único telefone o dia inteiro, que faz o coração bater mais depressa quando uma msg chega no celular e que faz a gente ficar com frio na barriga só de ouvir a campanhia tocar.

Há poucos dias, assisti "Vinícius" (o vídeo sobre a voda do "poetinha") e, cara, é lindo. Ele era um verdadeiro amante e fazia as pessoas se sentirem amadas. Isso me dá esperança, sabe. Faz crer que nem tudo está tão perdido assim. Basta acreditar!

E, não achei o texto tão triste assim. É triste porque não deixa de ser uma espécie de desabafo, mas é também um grito daquele que ainda luta por algo melhor e mais verdadeiro!

Abraços pra você, meu velho!!!

Anônimo disse...

leooooooooooooooooooo..

q perfeito perfeito perfeiiiitooooo

tudo de bomm..
lindo linnndoooo

ammeiiii


bjuxxxx

Anônimo disse...

belas palavras vila nova...
parabens.. :D