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12 novembro 2007

a cara do cara – 2/3



No fim de 2003 pro começo de 2004, Chocalhos e Badalos gravou o seu CD demo (hoje, a onda é chamar de EP – dá um ar mais profissional, hehehe..), intitulado A Cara do Cara.

Tentamos, à época, pinçar as músicas que poderiam ser as mais representativas diante do universo tão plural pelo qual a banda transitava.

E escolhemos seis (abaixo, seguem os links do rapidshare, pra quem quiser baixar cada uma delas):

Lecoque Cafonê (Juliano Muta/Anderson Loof) -

http://rapidshare.com/files/62834097/01._Chocalhos___Badalos_-_Lecoque_Cafon_.mp3.html


Velho Samba Novo (Juliano Muta) - http://rapidshare.com/files/62835398/02._Chocalhos___Badalos_-_Velho_Samba_Novo.mp3.html

Invocação ao Filho do Trovão (vinheta) (Filipe BB) -
http://rapidshare.com/files/62836067/03._Chocalhos___Badalos_-_Invoca__o_ao_Filho_do_Trov_o__vinheta_.mp3.html

True Vão (Filipe BB) -
http://rapidshare.com/files/62837171/04._Chocalhos___Badalos_-_True_V_o.mp3.html

Mariposa (Leonardo Vila Nova/Juliano Muta) -
http://rapidshare.com/files/70132233/05._Chocalhos___Badalos_-_Mariposa.mp3.html

Pra Onde o Mar se Acaba (ou Pro Outro lado de Lá) (Filipe BB) - http://rapidshare.com/files/62839950/06._Chocalhos___Badalos_-_Pra_Onde_o_Mar_se_Acaba__ou_Pro_Outro_Lado_de_L__.mp3.html

A Cara do Cara teve uma produção que durou cerca de 3 a 4 meses. Foi gravado, mixado e masterizado no estúdio Wozen. Na época, sob a coordenação técnica de Fumato e Thiago Brigídio.

O vídeo abaixo é mais um da nossa participação no programa Som da Sopa (em novembro de 2003). OBS.: O nome da música está errado. O nome correto é Alegria Empoeirada:







Foi um processo muito cuidadoso, esmerado, intenso, por vezes desgastante (pela dedicação diária de horas em estúdio que isso nos exigiu), mas muito recompensador. Isso desde a pré-produção, nos ensaios e na criação das guias na casa de Filipe, até as gravações e a fase posterior, de mixagem, onde lançamos mão de mil e uma mirabolâncias tecnológicas para dar vida às complexas linguagens que queríamos utilizar pra dar vazão às nossas idéias musicais. O resultado foi excelente.

Durante as gravações, as idéias fervilhavam a todo instante. Quanto mais gravávamos, mais coisas iam surgindo pra criar em cima das músicas. Lembro-me, inclusive, das gravações de percussão, que duraram em torno de 11 horas seguidas, que, além do imenso arsenal percussivo que utilizávamos (pandeiros, congas, ganzá, derbak, caracaxás, ilú, alfaia, zabumba, triângulo, moringa, tamborim), contou com elementos um pouco mais improváveis, como palminhas de mão, estalos de dedo, apitos, queixadas e até galão de tinta.

O clima de gravação era bem familiar, com os amigos sempre em volta, colaborando, participando. Em True Vão, contamos com a participação de Yuri Queiroga, na guitarra “etérea”, e de Rafael Duarte, participando do coro. Além disso, era muito divertido ter Fumato como engenheiro de gravação e mixagem, pela figuraça que ele é, sempre brincando, contando piadas, um alto astral só. E também por ser um grande profissional, atencioso, inventivo, instigado. Uma excelência do som.

A capa do CD foi criada por Asaías Lira, o Zaza, também companheiro de diversos shows, entre eles, a trilogia dos “Cantos” (Canto de Ossanha, Canto de Xangô e Canto de Iemanjá, no Teatro Maurício de Nassau) com os experimentos cênicos Marginália Total, Imperfeito e Começo, respectivamente; e também no Festival de Inverno de Garanhuns, em 2003, com a performance (juntamente com Júnior Aguiar), para música A Cara do Cara (Juliano Muta), que abria o show.

Se não me engano, o desenho da capa do foi feito todo em crayon.


Em resumo, um CD que contou com a colaboração dos amigos (além das participações virtuais de Che Guevara e dos emboladores Pardal e Verde Lins), que foi feito com muito amor e carinho, e que registra um pouquinho de nossas vidas e da nossa arte. É esta a cara dos caras.

20 junho 2007

Garanhuns, aí vou eeeeeeu!!!


Pessoal lindo da minha vida!!! Este post de hoje é um dos mais felizes (se não O MAIS FELIZ DE TODOS) que a caixinha recebeu até hoje!!!

Bem, vamos ao que interessa: A Fundarpe (Fundação de Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco) divulgou hoje, às 11h, a programação de edição de 2007 do Festival de Inverno de Garanhuns. Entre algumas atrações bem legais que irão rolar esse ano (como Lenine, Cordel do Fogo Encantado, entre outras que depois eu comento.. hehehehe), chamo atenção para duas, pois TOCO EM AMBAS.. ÊÊÊÊÊÊÊÊÊ.. É ISSO MESMO, AMIGUINHOOOOOOSSSS!!!! A FELICIDADE HOJE TOMA CONTA DE MIIIIIIIIM. É LEONARDO VILA NOVA EM DOSE DUPLA, ESSE ANO, EM GARANHUNS!!!

Isso me lembra a primeira vez que estive lá, há 4 anos, no dia 13 de julho de 2003, pra tocar com a Chocalhos e Badalos (banda que muitos conheceram na época), no Palco Pop (Parque Euclides Dourado). Boas lembranças daquele dia. Tudo muito bom. O tratamento que a produção nos deu foi da melhor qualidade. Passagem de som fuderosa, calma, muito eficiente. Qualidade do som, idem. Um camarim dos mais fartos (em termos de bebida e comida). Amigos nossos lá (lembro de todos: Socorro, Júlia, Natália, Rafael, Flora, Uaiana, Eugênia, etc.). Expectativa total e nervosismo pulsante em nossos corações. Era um reconhecimento magnífico do nosso modesto trabalho, até então. Abrimos o show pra Cabruêra, uma banda excelentíssima da Paraíba. Tivemos a participação de Larissa Montenegero, vocalista da banda Chico Correa & Electronic Band, também da Paraíba. Ela cantou, junto a Filipe BB, a música Pra Onde o Mar se Acaba. Também tocando conosco, no show inteiro, um dos nossos grandes companheiros de palco e de vida, Yuri Queiroga. O show teve a brilhante abertura com a música A Cara do Cara, de Juliano Muta, contando com dois integrantes do grupo Caixa de Pandora (Asaías Lira.. o Zaza.. e Júnior Aguiar), com suas máscaras cavernosas e seus bailados e expressões tortuosas delineando a intenção da música. Teoricamente, fechamos com Geraldinos e Arquibaldos, a música “apenas cantada” de Gonzaguinha. Grande momento também. Porém, teoricamente.. pois no foi pedido pela produção que voltássemos ao palco para um bis, inesperadamente, por conta da excelente reação do público. E voltamos com o samba de terreiro A Véia Foice, também de Juliano, e seu nada sugestivo refrão: “corta CANA, BISavó.. cabeça ativa.. corta CANA, BISavó.. cabeça ativa”. Rolou muita diversão e felicidade nesse dia. Guardo pra sempre no meu coração.

E agora, 4 anos depois, eu, Filipe BB e Thiago Suruagy (também ex-integrantes da Chocalhos e Badalos) voltamos ao mesmo Palco Pop, no Parque Euclides Dourado, pra tocar com a cantora, compositora e musicista CAROLINA PINHEIRO.


Com mais de 10 anos de estrada, a sua relação com a música vai além do simples ato de tocar e cantar, e sim prenuncia uma comunhão entre o corpo, a mente, o coração e o universo ao seu redor; uma comunhão transcendental e profunda. Porém, uma profundidade expressa com simplicidade e leveza através de suas canções.

Ela faz uma música em que se identificam elementos das nossas raízes culturais, reprocessadas através de uma linguagem pop contemporânea, com letras de forte teor místico e existencialista. Uma música pontuada por um misto entre regional e universal, de natureza híbrida, onde se percebem diversas texturas, por hora contrastantes, porém complementares e uníssonas.

Assim, se desenvolve um espetáculo sensível e dançante, proporcionado por uma voz suave e potente ao mesmo tempo, mais uma das aparentes contradições de que se compõe esse trabalho.

Fazem parte da banda que acompanha Carolina Pinheiro: Filipe BB (guitarra e viola de 12 cordas), Thiago Suruagy (percussão), Eduardo Buarque (bateria e percussão), Koala (contrabaixo) e euzinho, Leonardo Vila Nova (percussão).

Aí segue o link de uma de suas canções, Mayara:

http://rapidshare.com/files/38366658/Carolina_Pinheiro_-_Mayara.mp3.html

E eu tocarei também com a ELECTROZION, projeto de música eletrônica, no qual fui chamado a integrar há pouco mais de 1 mês e meio.


A Electrozion mistura influências da musicalidade negra, como soul, dub e reggae. A banda propõe um trabalho de colagem entre o eletrônico e o orgânico. Muitíssimo interessante e agradável aos ouvidos. Músicas com ambientações bem diversas, heterogêneas. Integram a Electrozion: Eduardo Padrão (guitarra), Peter Noya (no que eu chamo de oprecionalizações tecnológicas e musicais), Ju Orange (vocais) e, agora, eu, Leonardo Vila Nova (percussão).

Segue o link do MySpace da Electrozion. Lá, vocês podem conferir 4 faixas do seu trabalho:

http://www.myspace.com/electrozion

Antes que vocês me perguntem, as datas de ambas as atrações ainda não estão definidas (assim como a de todas as atrações do Palco Pop). Mas convém lembrar que o Festival de Inverno de Garanhuns vai do dia 19 ao dia 28 de julho. Programem-se. Daqui pra lá, confirmando as datas, avisarei a todos, por aqui, por e-mail, por telefone, pessoalmente, por telepatia, sinal de fumaça, código morse, telegrama, pombo correio, qualquer coisa.

Além de eu ir tocar por duas vezes este ano em Garanhuns, grandes amigos também farão seu sons ecoarem por aquelas praças e parques: estão confirmadas também a COMUNA (dos meninos Ricardo Maia Jr., Bruno Freire, Amaro Mendonça, Yuri Pimentel e Glauco César Segundo), RIVOTRILL (de Eluizo Jr., Rafael Duarte e Lucas dos Prazeres) e OS INSITES (do meu amigo/irmão Fel Viana). Vai ser farra pouca, viu?

POST MAIS FELIZ DE TODOS!!! Espero ver muita gente amiga/irmã lá em Garanhuns, viu?

Grande abraços e luz!!!

09 outubro 2006

Transfigurações, borogodás & outras idiossincrasias mais.

Eu sou rebelde porque o mundo quis assim. Porque nunca me trataram com amor. E as pessoas se fecharam para mim.. ” (homenagem à minha indumentária da sexta-feira retrasada (29/09) – ver foto estranha abaixo).

Transfigurem todos. Todos merecem. Show de Cordel do Fogo Encantado, realizado na última sexta-feira (06/10), no Clube Português. Fui só. Sozinho. Tomei minhas duas garrafinhas de vinho lá na frente, tranqüilamente. Encontrei o louco do Jairo e o Walter Maymone. Mas acabei me separando deles. Entrei sozinho no show e continuei até o final (não encontrei mais ninguém). Mas acreditem: me diverti muitíssimo!!! Fiquei que nem um louco, sozinho, pulando, vibrando e muito ao som dos moços de Arcoverde, tentando entrar na roda de pogo, levando sopro de uma moça lá. Pessoas.. entendam bem: assistir a um show de Cordel é uma experiência incrível, não só pela banda em si, mas por tudo que você pode observar como sendo resultado da troca de energia entre eles e o público. É uma catarse das mais lindas que existe. E a confirmação de que o poder de hipnose e libertação da alma que o grupo exerce sobre a platéia vai tomando cada vez proporções maiores. Além do que o grupo tem uma energia incrível, seja pela força de sua percussão, seja pela coesão dos seus arranjos, pela dramaticidade cênica e carisma (sorriso infantil e sincero) do vocalista Lirinha. Tudo tem uma força inimaginável, surpreendente. Alma lavada e transfigurada em mil & uma coisas afins.

Mais um dia de diversão neste final de semana. Sábado (07/10) foi dia de Cinema, Praia e Futebol, com Sir. ROSSI e Del Rey. Essa dobradinha de majestades (Reginaldo Rossi e Roberto Carlos, via Silvério Pessoa e Mombojó + China) vem arrebanhando cada vez mais súditos fiéis.

As portas do Mercado Eufrásio Barbosa (onde aconteceu a festa) demoraram a se abrir, provocando um congestionamento de pessoas e respirações na frente do local. Já estava começando a ficar impraticável transitar por ali (ou até nem mesmo transitar, mas apenas ficar parado) tamanha era quantidade de gente que se espremia, na mais autêntica manifestação de “calor humano”.
Abertas as portas, fila. Fila para entrar. Brasileiros dão um jeito de furá-la (ups! Eu fui um deles). Lá dentro, outra fila. Fila para comprar a fichinha para beber cerveja. Brasileiros dão um jeito de chegar na frente, sem passar pelo suplício dessa fila (mais uma vez, Vila Nova está lá). Tudo isso, para conseguir uma cerveja por R$ 0,50 a menos. Ainda consegui sair no lucro. Só que na presença dessa fila brochante, minha noite foi regada a apenas uma cerveja (perdão.. alguns goles mais surgiram no decorrer da noite.. mas foram poucos).

Show de Sir. ROSSI é sempre aquele clima de gréia, diversão e alto astral. Momentos altos: “dizem que o seu coração voa mais que avião, dizem que o seu amor só tem gosto de féu, vai trair o marido em plena lua-de-mel” (desculpa, mas esqueci o nome da música), ou Garçom, ambas com toda a platéia cantando em coro. Além de Leviana, com um convidado, que subiu ao palco e foi cantar junto com a banda. Meu Deeeeus, quem era o convidado? Imaginem só, era Vila Nova!!! Tudo invenção de Yuri Queiroga (quer dizer, Asdrúbal Chué), que me chamou ao palco. Eu imaginei que isso poderia acontecer (ele me alertou antes sobre isso), e, prevenido que sou, levei a letrinha da música, pra cantar lá. Foi um momento cômico, todo mundo riu muito, principalmente o pessoal dos metais, riram com as expressões corporais que elaborei de improviso para a música (detalhe: fiquei cantando escondidinho, lá atrás). Isto feito, recebi um convite de Silvério (ou de Gaiman.. sei lá mais quem era naquele momento) pra ir ao ensaio, cantar a música com eles lá. Será? Será mais uma dobradinha de LUCIANO MAGNO (nome artístico de “cafajeste pop” que inventaram pra mim na hora) e Sir. ROSSI?

Rapaz.. juro a vocês.. Del Rey tocou, tocou, tocou, tocou.. mas eu nem acompanhei.. o aperto era geral, não conseguia respirar direito. Marmanjos de plantão, prestem bem atenção: sempre, sempre, sempre agradeçam aos meninos do Del Rey pela beleza dessas festas. Nunca vi tanta mulher bonita junta. As menininhas descoladas vão todas lá, gritar histericamente ao ver China (com aquela franjinha estranha) rebolar e fazer “miaaaau” em Negro Gato. Interessantíssimo. Novíssimo isso.


............

Eu ando meio fora de sintonia com coisas e pessoas. Passei nos últimos dias por uma fase de me apegar às pequeníssimas coisas, a gestos, a palavras. Um apego emocional, amoroso, sentimental, uma euforia desmedida, um circular invariável e assimétrico de sensações por todos os meus poros e pela minha alma. Às vezes, sensações como essas podem nos encher de ternura, de encantamento. As pessoas nos despertam isso (mesmo sem querer). Mas, ao mesmo tempo, essas sensações podem nos causar um certo desconforto, uma sensação de idiotice, de tristeza e de engano quando nos deparamos com a possibilidade (e o fato concreto) de que era tudo uma simples ilusão, um meter os pés pelas mãos, um arriscar-se na medida mais improvável da distância e da anti-poesia, quando o mundo real nos diz “não”. Eu quero apenas a beleza dessas palavras, desses gestos, das conversas, do afeto, nada a pedir, a não ser isso. E também uma sinceridade do tamanho de tudo. Não pensemos em mais nada além disso, viu?

Um mundo cinza se cristaliza ao meu redor.

11 setembro 2006

Ferver é preciso!

Próximos que estamos dos 100 anos do frevo (a completar-se no dia 9 de fevereiro de 2007), os festejos são muitos, as expectativas também, e os projetos em torno do mais genuíno ritmo pernambucano não deixam por menos.

Na próxima quinta (14/09), estréia no Teatro Apolo o espetáculo FERVO, da jornalista e bailarina Valéria Vicente. Um projeto de pesquisa e dança que revisita o frevo em suas origens e faz suas conexões com o presente, porém, abordando-o a partir de um viés nunca antes explorado: a violência no/do frevo. Calma! Não se assustem. O espetáculo não vai fazer uma esculhambação nem reclamar que o frevo é violento ou coisa do tipo. O lance é que se voltarmos no tempo, às origens do ritmo, iremos tomar conhecimento de que a dança e os seus primeiros passos começaram a surgir através do embate entre os capoeiras (os negros) e a polícia, no século XIX. A capoeira, que era misto de luta e dança, era utilizada nesse embate dos negros ao fugirem da polícia. Ou seja, o frevo teve seu nascedouro nessa espécie de tensão social urbana.

O espetáculo retoma o passado constantemente para remeter ao presente, observando as suas influências e características marcantes nesses tempos de hoje. Tanto que há cenas representando rodas de pogo no Galo da Madrugada, ou até mesmo um boneco sendo espancado, linchado, pelos bailarinos. Não é exatamente um espetáculo convencional. Ou seja, não esperem encontrar uma profusão de cores ou de sombrinhas saracoteando pra lá e pra cá, ao som de Vassourinhas. Os bailarinos vestem preto, branco e cinza e a expressão do corpo ao delinear essa violência, essa força, essa pancada, é que conduzirá a tônica do espetáculo.

E para um espetáculo “não-convencional”, a trilha sonora também não deveria ser nada clichê ou lugar-comum. Ao contrário, essa constante conexão entre passado e presente, (vislumbrando o futuro a partir do que se constrói hoje), tradição e (pós)modernidade, típica dos nossos tempos e da nossa veia pulsante de povo antropofágico e criativo, não deveria ter um acompanhamento musical melhor: O coletivo DERRUBAJAZZ.


O DERRUBAJAZZ é uma invenção dos “buliçosos” Silvério Pessoa e Yuri Queiroga. Os dois músicos resolveram se juntar para, a partir de um aparato eletrônico, (re)criar o orgânico, lançando mão dele também para compor suas músicas, ou, como queiram entender melhor, suas astúcias musicais (ou seja, além dos elementos eletrônicos, podemos ouvir instrumentos como bandolins, cellos, cavaquinhos, percussões, violões, etc.). E eu digo “buliçosos” porque todos já sabem, por exemplo, da aptidão do moço Silvério Pessoa para a deglutição e reprocessamento da nossa singularidade nordestina (seja via frevo, forró, coco, embolada, etc) através da tecnologia presente em tempos que dão ao nosso sotaque um ar cada vez mais cibernético, cosmopolita, sem que seja preciso, no entanto, “desfincar” as raízes do chão.

Já o moço Yuri Queiroga, jovem músico e produtor, astucioso e inteligente, é o parceiro de Silvério no DERRUBAJAZZ e na concepção e produção da trilha sonora do espetáculo FERVO.

Com apenas 19 anos, Yuri já tem profícua participação e colaboração na música que se produz aqui em Pernambuco. Além de participar, como produtor, na concepção de faixas de diversos projetos e coletâneas com os mais variados artistas, como músico ele acompanhou (e ainda acompanha alguns deles) Ortinho, Josildo Sá, Lula Queiroga, o próprio Silvério Pessoa, e também fez parte da minha saudosa banda Chocalhos e Badalos (ê, saudade..). Participou numa das faixas da trilha do filme A pessoa é para o que nasce (acompanhando Lenine), além de outras trilhas para documentários. Em participações, deu uma chegada nos discos de China, André Rio, San B, e está participando da produção do próximo disco de Lula Queiroga, Tudo Enzima (isso é apenas um resumo enxutíssimo, pois o currículo do rapaz é extenso).


























Dia desses, conversando via MSN, Yuri me contou como foi o processo de criação da trilha sonora do espetáculo FERVO. No bate-papo, eu sou viLa Nova, L. http://umacaixinhadecoisas.blogspot.com e Yuri é Tudo de mais tem limite (CONDE)

Aí vão trechos da nossa conversa:

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
as músicas do derrubajazz tão prontas.

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
jajá a gente tá indo buscar

viLa Nova, L. http://umacaixinhadecoisas.blogspot.com diz:
são quantas (faixas)?

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
10

viLa Nova, L. http://umacaixinhadecoisas.blogspot.com diz:
mas vcs fizeram como? desenvolveram temas? pegaram músicas que já existiam? ou fizeram composições novas?

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
composições novas

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
baseadas nos ensaios que a gente assistiu

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
a maioria instrumental

viLa Nova, L. http://umacaixinhadecoisas.blogspot.com diz:
se vcs viram os ensaios para criar as músicas.. então, esses ensaios eram como, se ainda não tinha música?

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
eles usavam outras músicas

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
tipo de antônio nóbrega, uma batida de macumba lá

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
e tinha coisas que eles faziam no silêncio e a gente teve a sacada de botar trilha

viLa Nova, L. http://umacaixinhadecoisas.blogspot.com diz:
e tinham as coreografias já prontinhas, né?

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
mais ou menos

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
é tudo meio improvisado

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
é experimental

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
só uma música que eles usavam é que continuamos usando

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
que foi MEXE COM TUDO da spokfrevo (SpokFrevo Orquestra)

viLa Nova, L. http://umacaixinhadecoisas.blogspot.com diz:
mas aí, nesse caso, vocês recriaram a música ou mantiveram a original?

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
a original

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
só essa

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
e nem foi ela inteira

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
foi só um pedaço

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
o resto foi tudo criado

viLa Nova, L. http://umacaixinhadecoisas.blogspot.com diz:
esse processo durou, no total, quanto tempo? (contando aí desde o primeiro dia acompanhando os ensaios até hoje, em que a trilha estará pronta).

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
uns dois meses

viLa Nova, L. http://umacaixinhadecoisas.blogspot.com diz:
vocês criaram as músicas já observando os ensaios? já anotavam de lá as idéias? ou foi TUDO feito no estúdio?

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
anotávamos de lá

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
filmamos dois ensaios

viLa Nova, L. http://umacaixinhadecoisas.blogspot.com diz:
e assistiram às filmagens juntos, pra poder ir observando e revendo mais atentamente determinadas partes, pra ir desenvolvendo, né isso?

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
é

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
tem uma valsa que silvério compôs no meio do ensaio

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
enquanto ia filmando e os dançarinos desenvolviam os passos (esses em silêncio) silvério cantou a melodia de uma valsa na gravação da câmera

viLa Nova, L. http://umacaixinhadecoisas.blogspot.com diz:
e o desenvolvimento dos elementos eletrônicos das músicas foi feito no estúdio ou alguém já começou a criar algo em casa?

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
no estúdio, eu fiz algumas coisas antes e já levei prontas pro estúdio.

viLa Nova, L. http://umacaixinhadecoisas.blogspot.com diz:
então me conta como foi pra você essa experiência peculiar de trabalhar como músico e produtor já de uma trilha sonora de um espetáculo de pesquisa/dança.. você que é um cara novo e tal.. e já ter essas responsabilidades musicais nas mãos.. o que você tirou dessa experiência?

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
eu sempre quis trabalhar com isso, nunca me dediquei a um instrumento só, e sempre me dediquei a ouvir o conjunto todo, daí vi que queria mesmo ser produtor, esse convite pra fazer essa trilha soou pra mim também como um prêmio de tudo que eu vinha pesquisando ouvindo e estudando pra exercer a profissão de produtor musical

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
tirei muita coisa dessa experiência, sempre aprendo muito, e pela primeira vez fiz dez faixas de uma mesma produção, até então só tinha feito coisas pequenas, como uma ou duas faixas pra coletâneas

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
e foi legal também trabalhar com outros músicos, (pra) cada um tenho (um) jeito melhor de se produzir, pro cara se soltar mais e tal..

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
e com silvério também, que tem idéias ótimas, é um bom matador de charadas das músicas

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
adorei trabalhar assim com ele

viLa Nova, L. http://umacaixinhadecoisas.blogspot.com diz:
ele tem o fieling apurado de produtor, né?

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
é

Tudo de mais tem limite (CONDE) diz:
ele adivinha fácil o que tava faltando nas músicas

viLa Nova, L. http://umacaixinhadecoisas.blogspot.com diz:
ok, meu filho.

viLa Nova, L. http://umacaixinhadecoisas.blogspot.com diz:
é isso aê!!!!

...

Yuri também me contou que as faixas serão disponibilizadas para o público em geral (provalmente, via internet).

Além de Silvério Pessoa e Yuri Queiroga, participaram das gravações da trilha sonora do espetáculo FERVO os músicos Maíra Macedo (bambolim), Elias Paulino (cavaquinho), André Julião (acordeom), Israel Silva (baixo), Renato Bandeira (violão), Eduardo Braga (guitarra), Fabiano Menezez (violoncelo), Pi-R (piano e efeitos), Wilson Farias (percussão) e Luís Carlos (percussão).

O espetáculo, que estréia nessa quinta (14/09), poderá ser visto todas as quintas e sextas, até o dia 29 deste mês.

Agora, é só ir conferir:

ESPETÁCULO FERVO (com trilha sonora do coletivo DERRUBA JAZZ)
De 14 a 29 de setembro de 2006 quintas - 20h / sextas - 21h
Teatro Apolo – rua do Apolo, n.º 121 – Bairro de Recife

Preço: R$ 10,00 (inteira) – R$ 5,00 (estudante)