13 dezembro 2006

O futebol, a majestade e o funk




Sonhar não custa nada, meu povo. Que o diga Ricardo Teixeira, Presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Hoje, ele assinou a candidatura oficial do Brasil à sede da Copa do Mundo de 2014. O Brasil é um candidato fortíssimo (afinal, é o único). Mas o que acho um disparate, até mesmo uma insolência, digamos assim, é acreditar que o Brasil tenha condições de sediar uma Copa do Mundo. E quando digo isso, não me refiro apenas à condição financeira, afinal, para se sediar um evento desse porte é preciso despender uma enorme quantia de dólares, mobilizar a iniciativa privada e pública (acredito que esse nem seja um problema tão grande assim), ter-se estrutura física para tal (como bem sabemos, não temos estádios de futebol tão bem organizados e tecnologicamente tão bem aparelhados pra esse intento). Refiro-me também à questão cultural mesmo. Educação, pra ser mais exato. Um país onde a paixão nacional é o futebol, mas que tem um público de futebol completamente mal educado, violento. Podemos observar, vez por outra, o “espetáculo” de violência que as torcidas organizadas (ou alguns indivíduos isoladamente) promovem de tempos em tempos. Um povo que não sabe assistir a uma partida de futebol sem partir para o vandalismo, em alguns casos culminando na morte de torcedores. Onde a polícia tem, muitas vezes, trabalho pra conter a turba ensandecida de fanáticos imbecis que não sabem simplesmente torcer.


Daí, podemos partir pra parte da segurança propriamente dita. Qual a segurança que o Brasil poderá assegurar para visitantes do mundo inteiro que virão assistir a um dos maiores espetáculos esportivos do planeta? O Estado não consegue prestar o devido serviço a nós, seus compatriotas, quem dirá pros pobres gringos. Já estou vendo gringo sendo seqüestrado, assaltado, tendo carro roubado, e outros mimos mais. E voltando à questão da educação (mirando agora no que podemos classificar como caráter ou o desvio dele), chegamos aos cambistas. Um país onde essa prática é mais do que comum, banal (é uma lástima ter que reconhecer isso). Acredito (assim como quase todos, eu creio) que o esquema é de convênio. Os clubes destinam determinada porcentagem de ingressos para que os cambistas vendam mais caro, cada um tendo sua parte nos lucros adicionais.


Diante de tudo isso, eu pergunto: qual a moral que o Brasil tem pra sediar uma Copa do Mundo? Logo o Brasil, que é o “país do futebol”. Eu hein.

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Gente. Tô curiosíssimo pra ver o especial do Roberto Carlos, no próximo sábado. Única e exclusivamente por um motivo, apenas: a participação especialíssima do meu xará, MC Leozinho. Imaginem só o REI cantando: “.. se ela dança, eu danço (...) ela só quer beijar, beijar, beijar, beijar.. (...).. FALEI COM O DJ..”. Pois é, pra quem não acredita, é isso mesmo que ele irá cantar com o MC. Pra comprovar, basta assistir ao especial neste sábado, na Globo. Será que o Roberto vai fazer os passinhos de funk? É o REI cada vez mais pós-moderno, dialogando com todas a vertentes da música brasileira, da música de massa. Esse é O REI, não abandonando nenhum de seus súditos.

Mas por favor, gente. Sem preconceitos. Há quem reprove esse tipo de música, ou por ser funk, ou por causa da letra e tal. Mas quem recrimina uma música que diz “ela só quer beijar, beijar, beijar..”, deveria também recriminar o “Rei do Baião”, Luiz Gonzaga, quando cantava “ela só quer, só pensa em namorar..”. Dá na meeeeeesma, meu povo. É tudo moça fogosa!!! O que muda é apenas a linguagem musical, o estilo, mas o que se diz é a mesma coisa. E antes que falem mal do Roberto por estar cantando com o Leozinho, atentem para o que há de mais importante (porém, mais implícito) nisso: a música de massa, essa que vemos aí, essa música de periferia (seja a periferia que nos remete às favelas, ou seja a periferia intelectual), é que mais dialoga com o povo, com esse povo grande, brasileiro, iletrado. Estabelecer esse diálogo com essa camada da população (que os cabeçóides tentam ignorar, mas ela existe) é dizer NÃO a um apartheid cultural/intelectual que muitas vezes vigora nesse mundo artístico. Viva o funk de periferia, abaixo a hipocrisia (e também a baixaria).

É isso, meu povo. Por hoje é só.

Um comentário:

Anônimo disse...

muito massa suas palavras referente a show de R C. rsrsrsrs
e as demais tmb. Um abraço cumpade.

Ângelo fábio